Haddad: tarifaço de Trump é “ingerência” dos EUA, mas será “superado”

Haddad: tarifaço de Trump é “ingerência” dos EUA, mas será “superado”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a criticar o tarifaço comercial imposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a grande parte das exportações de produtos do Brasil para os norte-americanos, mas adotou um discurso mais otimista sobre a superação deste momento delicado na relação entre os dois países.

Segundo Haddad, o Brasil “diversificou muito” suas exportações e a economia do país já não depende tanto dos EUA quanto no passado. Para o chefe da equipe econômica, o governo Trump pratica uma “ingerência” indevida sobre uma outra nação, atacando a soberania nacional, mas essa atitude não tem nenhuma base econômica ou jurídica que a justifique.

“Eu acredito que isso vai passar. Foi uma ingerência de um país sobre nós, em um assunto que não é nem do Executivo, é da Justiça. A Justiça é que está reagindo a esse tipo de intromissão descabida”, afirmou Haddad, em entrevista ao ICL Notícias, nesta terça-feira (23/9).

“Acredito que o presidente [Lula] tem sido muito sóbrio, como chefe de Estado, se colocando com muita tranquilidade. O vice-presidente [Geraldo Alckmin], que conduz as negociações, da mesma forma”, prosseguiu o ministro da Fazenda.

“Passada essa fase aguda que nós estamos vivendo, que é o julgamento [do ex-presidente Jair Bolsonaro], daqui a pouco sai a publicação da decisão, acredito que isso vai ser superado. Porque não tem nenhuma base política nem econômica. É uma coisa que só pode estar baseada em desinformação”, completou Haddad.

Ao justificar a tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, Trump alegou que o país estaria promovendo uma “caça às bruxas” que teria como maior alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do líder norte-americano.

De acordo com a Casa Branca, o Judiciário brasileiro estaria perseguindo Bolsonaro com o intuito de inviabilizá-lo politicamente. O ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ter liderado uma tentativa de golpe de Estado no país, após ser derrotado nas eleições de 2022.

Na segunda-feira (22/9), o governo dos EUA anunciou sanções contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes. Viviane foi enquadrada na Lei Magnitsky, a mesma pela qual o ministro foi sancionado em julho deste ano.

As medidas foram publicadas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, responsável por administrar e aplicar programas de sanções, e também no site do Departamento do Tesouro dos EUA. Um instituto da família do ministro, o Lex Instituto de Estudos Jurídicos, também consta entre as entidades sancionadas pelo governo Trump.

Com isso, além do ministro do STF, a esposa dele e uma entidade da família passam a figurar entre os atingidos pela Magnitsky, legislação norte-americana que tem como objetivo punir autoridades internacionais acusadas de violar direitos humanos.

Tarifaço é “tiro no pé” dos EUA, diz Haddad

“O presidente [Lula] continua fazendo aquele trabalho que ele gosta, de mascate, no bom sentido, de botar o Brasil debaixo do braço e mostrar que nós produzimos coisas muito boas, as melhores do mundo. Não temos dificuldade de realocar nossas exportações”, garantiu Haddad.

“No primeiro dia, eu já falei que me parecia um tiro no pé. Uma decisão impensada. Você tarifar commodity é uma coisa que não faz o menor sentido porque encarece produtos consumidos diretamente pelos consumidores. Não são insumos necessariamente da indústria. Você acaba encarecendo a mesa do café da manhã e o jantar do pessoal dos EUA”, explicou o ministro da Fazenda.

Segundo Haddad, “o Brasil se diversificou muito” na pauta comercial. “E dois terços das exportações não estão sendo afetadas. Da parte que estava sendo afetada, mais da metade é de commodities que foram rapidamente direcionadas para outros mercados”, concluiu.

Crédito da Matéria

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *