Orbán diz que Ucrânia não é soberana e reconhece incursão de drones

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, afirmou nesta segunda-feira (29/9) que a Ucrânia não é um Estado soberano, ao comentar alegações de Kiev de que drones húngaros teriam violado o espaço aéreo ucraniano. A declaração ocorreu logo após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusar, pela primeira vez, drones de reconhecimento húngaros de cruzarem a fronteira do país.
“Confio nos meus ministros, mas, digamos, (os drones) voaram alguns metros ali, e daí? A Ucrânia não é um país independente, não é um país soberano. Nós apoiamos a Ucrânia, o Ocidente a apoia, nós lhe damos armas — a Ucrânia não deve se comportar como se fosse um Estado soberano”, disse.
Segundo o premiê húngaro, o país perdeu cerca de um quinto de seu território durante a guerra com a Rússia, o que, em sua visão, marcou o fim da soberania ucraniana. Atualmente, Moscou ocupa cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, partes do Donbass e áreas capturadas após a invasão em grande escala de 2022.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que Orbán “continua intoxicado pela propaganda russa” e cobrou maior independência da Hungria diante do Kremlin.
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Compra de gás russo
Na última sexta-feira (26/9), Viktor Orbán, aliado histórico de Donald Trump, reiterou sua posição de continuar comprando petróleo e gás da Rússia, apesar da pressão norte-americana. Segundo ele, um corte imediato causaria um “desastre econômico”, com queda de 4% no desempenho do país em minutos.
Budapeste defende que fatores “geográficos e físicos” dificultam substituir rapidamente o fornecimento russo, que chega pelo gasoduto Druzhba.
A postura da Hungria gerou críticas na União Europeia.
A vice-presidente do bloco, Kaja Kallas, pediu acelerar a redução da dependência do petróleo russo e afirmou que alguns países que resistem ao corte são “bons amigos de Trump”.
Mesmo sob pressão, o chanceler húngaro, Péter Szijjártó, indicou que a Hungria manterá sua política de compras, que representam apenas 2,2% das exportações russas.
Com isso, o país segue como um dos últimos da União Europeia a manter abertamente a dependência energética de Moscou, enquanto aliados ocidentais buscam cortar a principal fonte de receita do Kremlin para financiar a guerra na Ucrânia.
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Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria
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“Não há cessar fogo porque a Rússia se recusa”, diz Zelensky na ONU
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Zelensky diz ter drones com alcance de 3 mil km para reagir à Rússia
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