“Olhamos o jornal e parece que o país vai acabar”, critica Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), adotou um discurso de balanço de sua atuação no governo federal, nesta sexta-feira (24/10), e reiterou que o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregará bons resultados da economia.

Haddad participou, nesta manhã, de um seminário sobre precatórios promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), na capital paulista. O chefe da equipe econômica disse que o governo Lula já tem condições de apresentar “significativas conquistas” na área.

“Vamos ter a menor taxa de inflação dos últimos quatro anos. Vamos entregar a menor taxa de desemprego da história”, afirmou o ministro da Fazenda.

As declarações de Haddad acontecem no dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os novos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a “prévia” da inflação oficial do país, que registrou desaceleração em outubro deste ano.

Segundo o IBGE, o IPCA-15 ficou em 0,18% neste mês, um resultado 0,3 ponto percentual abaixo do registrado em setembro (0,48%).

No acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 3,94% e, nos últimos 12 meses, de 4,94%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro do ano passado, a taxa foi de 0,54%.

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Em setembro, a inflação oficial do Brasil foi de 0,48%. De acordo com as projeções do Relatório Focus, do Banco Central (BC), que reúne as principais projeções do mercado, o índice deve fechar este ano em 4,7%.

Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%. O mercado continua esperando, portanto, que a inflação estoure o teto da meta neste ano, mas por uma margem pequena.

Já a taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em agosto deste ano, também segundo dados do IBGE, e repetiu a mínima histórica registrada no intervalo terminado em junho. A variação segue no patamar mais baixo desde 2012, início da série histórica.

Entre os trimestres comparáveis, o desemprego era de 6,2% no trimestre encerrado em maio e de 6,6% no mesmo período do ano passado, de acordo com o IBGE.

A população desocupada (quem não estava trabalhando e procurava por emprego) caiu para o menor patamar da série histórica, recuando 9% no trimestre. Em relação ao mesmo período de 2024, recuou 14,6% (menos 1 milhão de pessoas). Ao todo, são 6,08 milhões de desempregados no país.

Do outro lado da balança, a população ocupada (ou seja, em idade apta para trabalhar) cresceu na comparação trimestral e anual, com altas de 0,5% e 1,8%, respectivamente. Havia 102,4 milhões de pessoas empregadas.

Críticas à imprensa

Apesar dos bons indicadores econômicos, segundo Haddad, a cobertura de alguns veículos de comunicação carrega um viés permanentemente negativo. O ministro da Fazenda reclamou do tom mais crítico do noticiário. “Olhamos o jornal e parece que o país vai acabar”, ironizou.

“Buscamos bons resultados nesses quatro anos, mas nunca vamos agradar todo mundo”, contemporizou o chefe da equipe econômica.

Sem IOF e temas polêmicos

Em seu discurso no seminário em São Paulo, Fernando Haddad evitou abordar temas controversos, como as possíveis alternativas estudadas pelo governo para compensar a derrubada da Medida Provisória (MP) que tratava do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O assunto é considerado espinhoso pelo governo no Congresso Nacional. O Executivo vem encontrando dificuldades para fazer a pauta avançar, embora o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenha anunciado que a Casa começará a votar as medidas na semana que vem.

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