Como ministro, Boulos encontra de empresários a entregadores de app
No dia 29 de outubro, centenas de integrantes de movimentos sociais foram ao salão nobre do Palácio do Planalto para assistir à cerimônia de posse do novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos (PSol-SP). Passada uma semana, o titular da pasta tem se movimentado para cumprir a missão dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “colocar o governo na rua”. Em seu novo posto, o psolista já se reuniu com empresários, trabalhadores e conselhos populares.
No dia seguinte à posse, o novo ministro recebeu em seu gabinete representantes de entregadores de aplicativo. Na ocasião, o grupo entregou uma carta de reivindicações da categoria. A melhoria na relação com os trabalhadores dessa área é uma das prioridades da gestão do psolista à frente da pasta.
“Me reuni hoje com integrantes da Aliança Nacional dos Entregadores e recebi deles uma carta com as principais demandas da categoria. Conversa boa e direta. Vamos trabalhar juntos para garantir direitos para os trabalhadores de aplicativo no Brasil”, escreveu o ministro nas redes sociais após o encontro.
No mesmo dia, Boulos levou os convidados para almoçar no bandejão do Planalto, estabelecimento frequentado por servidores palacianos. No local, ele foi tietado por funcionários.
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O deputado federal Guilherme Boulos
DANILO M. YOSHIOKA/METRÓPOLES @danilomartinsyoshioka
Guilherme Boulos
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
Guilherme Boulos
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Guilherme Boulos
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Deputado Federal Guilherme Boulos (PSol)
Reprodução/Esfera Brasil
Guilherme Boulos, deputado pelo PSOL de São Paulo
Foto: Danilo M. Yoshioka
Guilherme Boulos em discurso após ser derrotado por Ricardo Nunes em SP
DANILO M. YOSHIOKA/METRÓPOLES @danilomartinsyoshioka
O deputado federal Guilherme Boulos
DANILO M. YOSHIOKA/METRÓPOLES @danilomartinsyoshioka
Quem é Guilherme Boulos
- Com 25 anos de militância, Guilherme Boulos iniciou a carreira política no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), do qual se tornou uma das principais lideranças.
- Formado em filosofia, com especialização em psicologia clínica e mestrado em psiquiatria, o psolista é psicanalista e professor.
- Concorreu à Presidência da República pela primeira vez em 2018. Na ocasião, recebeu 617 mil votos e terminou em 10º lugar entre 13 candidatos.
- Na eleição municipal de 2020, foi candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo, mas acabou derrotado no segundo turno pela chapa formada por Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB).
- Nas eleições seguintes, em 2020, desistiu de concorrer ao governo paulista para apoiar a candidatura de Fernando Haddad (PT). Foi eleito como deputado federal com mais de 1 milhão de votos, sendo o mais votado no estado.
- Na última tentativa de disputar um cargo no Executivo municipal, em 2024, Boulos chegou ao segundo turno contra Ricardo Nunes, mas foi derrotado.
- Segundo o presidente Lula, o novo ministro tem a “missão de ampliar ainda mais o diálogo com os movimentos sociais”.
- Com a demissão de Márcio Macêdo, a mudança na pasta foi feita para promover a interlocução do Executivo com movimentos sociais e organizações da sociedade civil. A expectativa é que o novo ministro agite a mobilização das bases visando a reeleição do presidente em 2026.
Crítica à megaoperação no Rio
Boulos também foi uma das poucas vozes do governo a se manifestar desde o início de forma contundente contra a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) que acabou com 121 mortos no Rio de Janeiro.
Durante a cerimônia de posse, que aconteceu um dia após a ação policial na capital fluminense, o novo titular da Secretaria-Geral pediu um minuto de silêncio pelas vítimas. Até aquele momento, o presidente Lula, que estava na solenidade, não havia se manifestado sobre o assunto.
Ao longo da semana, o ministro continuou tecendo críticas ao ocorrido e ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL).
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Evento com empresários
Na segunda-feira (3/11), durante um jantar em sua homenagem promovido pelo grupo Esfera Brasil, Boulos participou do primeiro evento com empresários no novo cargo. Na ocasião, o ministro fez questão de reiterar que a megaoperação representou uma forma de “demagogia com a vida das pessoas”.
Na ocasião, ele também defendeu a exploração de minerais críticos, pauta que tem sido explorada aos poucos pelo governo federal, e disse que a discussão a respeito da extração de terras raras trata da “soberania nacional”.
Primeira viagem
A partir desta quarta-feira (5/11), Boulos começa a viajar o país para se reunir com a população e ouvir demandas. A viagem de estreia será em um ato promovido pelo Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) em Belo Horizonte (MG) que marca os 10 anos da tragédia do rompimento da Barragem do Fundão, na cidade de Mariana.
O evento acontece a partir das 9h, na Praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e também contará também com a presença da ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo (PT), e parlamentares.
O rompimento, considerado a pior tragédia ambiental do país, liberou cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no leito do Rio Doce. A lama tóxica percorreu, de acordo com estudos, mais de 600 quilômetros pelos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O episódio deixou 19 mortes.

