Freddie Mercury foi abusado por professor aos 14 anos, diz biografia

Freddie Mercury foi um dos grandes nomes da música mundial. À frente do Queen, o cantor marcou gerações com as músicas da banda, se tornando um ícone do século XX até a sua morte, em 1991. Reservado na vida pessoal, a vida e a carreira do artista foram reveladas em uma nova biografia escrita com base em diários escritos por ele desde 1976 até semanas antes de morrer.
Os diários estavam sob a posse de uma pessoa próxima ao artista — apenas quatro no mundo tinham conhecimento dele. Em 2021, esta pessoa deu à escritora e biógrafa Lesley-Ann Jones acesso irrestrito ao material. Na obra, a pessoa é referenciada como B e se trata da única filha de Freddie Mercury, que foi mantida em segredo pelo artista.
O resultado da pesquisa nos diários e dos encontros com B foi a obra Com amor, Freddie: a Vida e o Amor Secreto de Freddie Mercury, publicada no Brasil pela Editora Rocco, e que foi lançado nesta sexta-feira (5/9). A existência da filha do artista também foi revelada na biografia.
Estupro e abuso sexual
Entre as páginas dos diários de Freddie, Lesley-Ann encontrou um momento traumático da vida do cantor, quando ele revelou que foi abusado sexualmente e estuprado por um professor durante o período que estudou em um internato na Índia.
Segundo narra a biografia, os internatos normalmente são locais de descobertas sexuais, especialmente envolvendo jovens garotos que foram “arrancados de suas famílias e trancados num lugar fechado”. “Garotos se comportavam como garotos”, diz um trecho.
O texto revela que Freddie foi flagrado por um professor durante uma “sessão de prazer coletivo com um grupo de outros garotos” e passou a ser abusado por ele nos meses seguintes. Segundo o relato, o cantor se recordava do episódio em uma ” linguagem crua e sem emoção”.
“Na primeira vez que o homem tocou nele, Freddie não reagiu. Estava petrificado. Talvez o estuprador tenha visto isso como uma forma de incentivo ou consentimento. O professor o obrigou a se inclinar para a frente. A etapa seguinte foi muito dolorosa. Freddie ficou horrorizado e totalmente apavorado. O estuprador estava com pressa. Fez o que tinha ido fazer sem dizer uma palavra, nem demonstrar a menor preocupação pelo garoto ou por seus sentimentos”, narra a biógrafa no livro.
O abuso seguiu por meses, até o fim do ano letivo, quando o professor deixou a escola sem explicações. “Freddie não podia falar com ninguém a respeito disso. Mas sabia que todas as pessoas estavam cientes. Naturalmente, o bullying e os deboches aumentaram”, complementa.
Freddie Mercury teria lidado com os traumas do abuso ao longo de toda a vida. Foi logo após a situação que ele começou a lutar boxe e continuou a investir a energia emocional na música.
“Ele buscou com afinco a felicidade e a alegria que a música lhe proporcionava. A música passou a ser tudo para ele. Sempre que podia fugir da sala de aula e ir para o piano da escola, ele corria para lá”, narrou B em outro trecho do livro.

Filha secreta
A obra de Lesley-Ann Jones também revelou ao mundo a existência da filha secreta de Freddie Mercury. Identificada como B, ela revelou que foi concebida em 1976 em meio a um caso da mãe dela, uma mulher francesa, com Freddie. O cantor amigo próximo do marido dela e os três decidiram manter a criança em segredo.
Os diários de Freddie foram deixados para ela pelo cantor e todos os 17 cadernos mantidos por ele foram compartilhados com a autora para a construção da biografia. Segundo B, ela decidiu compartilhar os diários para corrigir as “mentiras, especulações e distorções” publicadas sobre o pai por mais de 30 anos”, especialmente após o filme Bohemian Rhapsody.
A relação com o pai também foi mencionada na obra. B, Freddie, a mãe dela e o padrasto criaram uma espécie de “família nada convencional”. “Eu tinha dois pais. Chamava o Freddie de pai e meu padrasto de ‘pa’”, revelou na obra.