Supermercados buscam alternativas “verdes” para reduzir desperdício

O setor de comércio, em especial o varejo, é a ligação entre a produção industrial e o consumidor. Pode ditar hábitos e influenciar tendências e comportamentos. No entanto, na hora das discussões sobre economia sustentável, quase sempre os olhos ficam voltados para as grandes indústrias ou o agronegócio.

“O varejo tem um papel determinante na transição para modelos econômicos mais sustentáveis e acessíveis à população brasileira”, define Susy Yoshimura, diretora sênior de Sustentabilidade do Grupo Carrefour.

Para ela, o setor de varejo tem capacidade de ser um ator importante nas discussões e ações a respeito da proteção ao meio ambiente.

“Pode e deve ser um agente de mudança ao conectar fornecedores, clientes e parceiros fomentando práticas mais conscientes, eficientes e inclusivas. Isso exige repensar desde o sortimento até a operação logística, passando por temas como rastreabilidade, segurança alimentar, biodiversidade, desperdício e circularidade”, completa.

De acordo com a diretora, o Grupo Carrefour pretende reduzir as emissões de gases estufa de escopo 1 e 2 em 50% até 2030 e 70% até 2040. No escopo 3, o grupo conta com o projeto 20 Megatons, que incentiva os fornecedores a assumirem também compromissos para a redução das emissões e condiciona que a não adesão possa levar ao descredenciamento ou redução da representatividade dentro das compras.

Medidas

Presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Paulo Teixeira pondera que mesmo as pequenas ações necessitam de planejamento quando diz respeito ao varejo e a relação com o consumidor.

“Tempos atrás se começou a cobrar alguns supermercados a começaram a cobrar pela sacola plástica. Fizemos um estudo em parceria com a FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo) e vimos que isso estava impactando muito na renda de algumas pessoas, porque elas deixaram de ter a sacola para guardar seu lixo e passaram a comprar sacos plásticos. Para quem tem uma renda de 10 salários mínimos, não faz diferença, mas para quem tem dois ou três salários, já faz”, pondera.

De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) de 2021, cerca de 17% dos alimentos disponíveis são desperdiçados no mundo, o que representa 121 quilos de alimentos por pessoa a cada ano. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% da produção alimentar se perde antes de chegar no prato da população, ou seja, 45
milhões de toneladas ao ano.

E parte disso se perde exatamente nos supermercados. Por isso, a Associação Brasileira de Supermercados defende que o incentivo fiscal para doações de alimentos tenha o teto acrescido. Atualmente, o limite para a dedução do imposto de renda de pessoas jurídicas (IRPJ) da apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) é de até 2% para alimentos embalados doados dentro do prazo de validade e para alimentos in natura doados conforme as normas sanitárias.

O projeto que a associação quer, que já foi aprovado no Senado Federal e agora está na Câmara dos Deputados, amplia essa margem para 5%.

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