Dólar sobe com tensão política e mercado à espera de inflação nos EUA
Os mercados de câmbio e ações operaram em compasso de espera nesta terça-feira (9/9), aguardando dados sobre a inflação nos Estados Unidos e no Brasil, que começam a ser divulgados nesta quarta-feira (10/9). Ainda assim, a moeda americana e a Bolsa de Valores espelharam a tensão política crescente com o avanço do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Com isso, o dólar registrou alta de 0,35% frente ao real, cotado a R$ 5,43. Já o Ibovespa fechou em baixa de 0,12%, aos 141.618 pontos. Como a variação é pouco expressiva, ela indica estabilidade do indicador. Na véspera, o principal índice da Bolsa brasileira (B3) havia registrado queda de 0,53%.
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a terça-feira foi marcada por uma liquidez reduzida, ou seja, por um pequeno movimento nos pregões. “O mercado refletiu a cautela numa semana que trará indicadores importantes, entre eles o IPCA no Brasil e os índices de inflação nos Estados Unidos”, diz o analista.
Os índices americanos de inflação são os mais aguardados pelos investidores. Eles vão dar o tom das projeções para eventuais cortes de juros nos Estados Unidos. Se caírem, indicando um enfraquecimento da economia dos EUA, vão corroborar a estimativa de reduções da taxa, hoje fixada no intervalo entre 4,25% e 4,50%.
Corte certo
No mercado, já não se discute se os juros dos EUA vão cair a partir de 17 de setembro, na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Para os investidores, a questão, agora, é saber de quanto será o corte e quantos deles ocorrerão até o fim deste ano.
Uma queda da taxa de juros americana tem forte impacto na economia global. Ela tende a reduzir a pressão sobre o dólar, baixando a cotação da moeda americana frente a outras moedas. Também torna mais atrativos os ativos de renda variável – e, portanto, de maior risco –, como as ações negociadas em bolsa.
Roleta de índices
E essa roleta de indicadores começa na manhã nesta quarta-feira (10/9), quando será divulgado o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de agosto. No dia seguinte, saem os números do índice de preços ao consumidor (CPI), também nos EUA. No Brasil, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) serão conhecidos nesta quarta-feira.
Alívio no tarifaço
No front do tarifaço, fonte permanente de tensão no mercado, a principal notícia desta terça-feira foi positiva. Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, disse em coletiva de imprensa que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não considera impor novas sobretaxas aos produtos brasileiros.
Ainda assim, há entre os agentes econômicos o temor de que novas sanções possam ocorrer, principalmente à medida que o julgamento do ex-presidente Bolsonaro avança no STF. Mesmo porque, como já afirmou o governo americano, a decisão de fixar tarifas de 50% contra o Brasil foi política.
Ibovespa
O Ibovespa contou com a valorização da Petrobras, que tem grande peso no índice. Às 16h30, as ações ordinárias (com direito a voto em assembleias) da companhia avançavam 1,51%. Elas acompanhavam a alta do petróleo, puxada pelo aumento da tensão geopolítica, depois que Israel anunciou um ataque a líderes do Hamas, no Catar.
Os contratos futuros (para novembro) do barril de petróleo do tipo Brent (a referência internacional) encerraram a sessão em alta de 0,56%, a US$ 66,39. O tipo WTI (que serve de base para o mercado americano) com entrega para outubro registrou elevação de 0,59%, a US$ 62,63 o barril.
As ações da Marfrig e da BRF também se destacaram na Bolsa. Elas subiram a partir de um relatório do Goldman Sachs, que recomendou a compra dos papéis, depois da divulgação do cronograma para conclusão do processo de fusão entre as companhias.
