Após dança das cadeiras inédita, Paris inicia a fashion week da década

Após dança das cadeiras inédita, Paris inicia a fashion week da década

Começou na segunda-feira (29/9), em Paris, uma aguardada temporada de desfiles de prêt-à-porter feminino. A semana marca a estreia de diversos diretores criativos, após uma dança das cadeiras inédita na indústria da moda, em meio a uma crise evidente no setor de luxo. Chanel, Mugler, Balenciaga e Loewe estão entre as maisons que trocaram de estilistas e apresentam suas novas visões até o dia 7 de outubro. Especialistas já consideram que Paris está prestes a viver uma das semanas de moda mais importantes da década.

Embora mudanças façam parte da dinâmica da moda, o que acontece em Paris nesta semana pode influenciar os guarda-roupas dos próximos dez anos. Afinal, nada menos que sete das principais maisons do setor apresentam os primeiros desfiles sob comando de novos diretores criativos.

Entre as estreias mais aguardadas está a de Matthieu Blazy, na Chanel. O franco-belga de 42 anos assume o desafio de comandar o estilo de uma das marcas mais emblemáticas do mundo.

Ele foi escolhido para o cargo após a saída de Virginie Viard, ex-braço direito de Karl Lagerfeld, que, apesar de ter pilotado a maison por cinco anos, não conseguiu deixar um legado marcante. A forte personalidade de Lagerfeld, que dirigiu a marca por mais de três décadas com mão de ferro e luvas de couro, ainda ecoa nos corredores da rue Cambon. Blazy, que modernizou a imagem da italiana Bottega Veneta antes de ser contratado pela Chanel, apresenta seu primeiro desfile em 6 de outubro.

Grupos de luxo orquestram mudanças

Antes disso, a espanhola Loewe celebra a estreia de Jack McCollough e Lazaro Hernandez com um desfile em 3 de outubro. Os americanos, fundadores da Proenza Schouler, agora se aventuram com uma tradicional grife europeia, mas que nunca esteve tão hype. Eles substituem Jonathan Anderson, que assume a direção criativa da Dior.

Embora Anderson já tenha apresentado sua primeira coleção masculina em junho, sua estreia nas coleções femininas da Dior, marcada para 1º de outubro, é igualmente aguardada – ele será o primeiro diretor criativo a comandar todas as linhas de uma das marcas fetiche do grupo LVMH, líder mundial do luxo e também proprietário da Loewe.

Outra estreia é a de Miguel Castro Freitas na Mugler. O discreto estilista português, com passagens por Sportmax, Dries Van Noten e Dior, substitui o americano Casey Cadwallader, que revitalizou a célebre grife dos anos 1990, tornando-a novamente atraente para as gerações mais jovens. A missão de Freitas, portanto, não será simples.

Na mesma linha, o holandês Duran Lantink, que vinha ganhando destaque com sua própria marca, assume a direção criativa da Jean Paul Gaultier. A maison, que vinha testando um sistema de rodízio de estilistas desde o afastamento de seu fundador, aposta agora em um nome fixo. Lantink é conhecido por uma moda subversiva e engajada com questões de sustentabilidade — tema indispensável para marcas que desejam continuar atraindo novos consumidores.

Outro momento esperado é a estreia de Pierpaolo Piccioli na Balenciaga. O italiano, ex-diretor criativo da Valentino, substitui o georgiano Demna, que agora lidera a Gucci – e que apresentou seu primeiro desfile em Milão na semana passada. Essa troca foi discretamente orquestrada pelo grupo Kering, proprietário da Gucci e da Balenciaga, que tenta recuperar suas vendas em queda desde a saída de Alessandro Michele, que, por sua vez, trocou a Gucci pela Valentino.

Em meio a essa dança das cadeiras digna de um mercado de transferências do futebol, a indústria da moda e do luxo passam por uma profunda transformação. Jovens consumidores estão mudando seus hábitos – compram menos roupas novas e aderem cada vez mais à moda de segunda mão.

Além disso, as marcas enfrentam críticas sobre seus métodos de produção globalizados, as condições de trabalho em suas fábricas e os preços praticados, que nem sempre correspondem à qualidade dos produtos entregues. Tudo isso exige mudanças para (re)conquistar a clientela. Sem contar o contexto geopolítico: a desaceleração econômica da China, um dos principais mercados do luxo, e a guerra comercial iniciada por Donald Trump nos Estados Unidos, outro grande mercado, afetam diretamente o setor.

Brasil e Anitta em desfile ao ar livre

As jovens marcas Weinsanto, Julie Kegels e Hodakova deram início à Fashion Week de Paris. Saint Laurent encerrou este primeiro dia com um desfile no Trocadéro, aos pés da torre Eiffel, como já tem se tornado uma tradição sob a batuta de Anthony Vaccarello. O show desta temporada contou com a presença de Madonna e sua filha Lourdes na plateia.

Esse primeiro dia também é marcado por um desfile ao ar livre organizado pela gigante dos cosméticos L’Oréal. A marca reúne suas principais embaixadoras na passarela, entre elas Viola Davis, Jane Fonda, Andie MacDowell, Eva Longoria e Kendall Jenner. No ano passado, as brasileiras Taís Araújo, Larissa Manoela e a cantora Anitta também desfilaram. Este ano, Anitta deve voltar à passarela — desta vez, cantando.

O desfile da L’Oréal começa às 21h (horário de Paris), 17h em Brasília, em frente à prefeitura da capital francesa, e será transmitido pelas redes sociais, como uma espécie de abertura desta fashion week mais do que aguardada.

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