Argentina de Milei vai intervir no câmbio para conter alta do dólar
O Tesouro da Argentina anunciou que vai intervir no mercado de câmbio do país para tentar conter a escalada do dólar frente ao peso, a moeda local, em meio a um ambiente de crescente tensão política às vésperas das eleições locais em Buenos Aires, cuja votação acontece no domingo (7/9).
Depois de um dia de baixo volume de negociação no mercado, na segunda-feira (1º/9), por causa de um feriado nos Estados Unidos, o peso recuou mais de 2% frente ao dólar, na comparação com a cotação de fechamento da semana passada.
Os títulos do governo para 2035 estavam sendo negociados a 62 centavos – o patamar mais baixo em cinco meses, desde abril, de acordo com dados da Bloomberg.
O anúncio da intervenção no câmbio foi feito nesta terça-feira (2/9) pelo secretário de Finanças da Argentina, Pablo Quirno, por meio de uma mensagem publicada em sua conta oficial no X (antigo Twitter).
“O Tesouro Nacional anuncia que, a partir de hoje (terça, 2), participará do mercado de câmbio livre para contribuir com sua liquidez e funcionamento normal”, informou Quirno.
Crise política e eleições
Antes da decisão de interferir no câmbio, o governo do presidente argentino Javier Milei vinha adotando uma série de medidas para conter a volatilidade cambial, sem sucesso. No mês passado, o Banco Central do país realizou leilões extraordinários e endureceu os compulsórios bancários.
Apesar dos esforços do governo, a pressão sobre o peso continuou e o dólar seguiu subindo, em meio a uma crise política envolvendo o governo Milei. A irmã do presidente, Karina Milei, que é secretária-geral da Presidência, está envolvida em denúncias de corrupção.
Além disso, o ambiente eleitoral no país está acirrado nas últimas semanas. No domingo, Milei sofreu uma derrota importante nas eleições locais de Corrientes – o candidato apoiado pelo governo terminou apenas em quarto lugar.
Neste momento, as atenções do mundo político na Argentina estão voltadas para a disputa pela província de Buenos Aires, no domingo, que concentra quase 40% da população do país. A eleição é considerada uma prévia do que pode ocorrer em outubro, quando os argentinos irão às urnas para renovar grande parte do Congresso.
Segundo análise de economistas do Morgan Stanley, as eleições regionais se tornaram “um obstáculo de curto prazo para a economia, reformas e mercado” na Argentina. Entretanto, dizem os analistas, o cenário ainda é positivo para os ativos no país, após as reformas econômicas levadas a cabo pelo atual governo.