Assessor da Conafer diz ter ficado com “trocos” dos beneficiários
O assessor do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares (Conafer), Cícero Marcelino de Souza Santos, afirmou que lucrava “uns trocos” com o dinheiro que deveria ser destinado aos beneficiários da entidade. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouve Cícero nesta quinta-feira (16/10).
“Vinham valores, vinham planilhas de pagamentos diretamente da Conafer e eu fazia os pagamentos. Então, aí tem uma lista de 200, 300 pessoas. Eu consigo puxar essa planilha. Por exemplo, tinha uma planilha que era só de gado, tinha uma planilha que era só de indígena, tinha uma planilha que era das secretarias, entendeu? É o que vinha para passar. E aí me sobrava um troco. Era realmente isso”, declarou o assessor.
Farra no INSS
- O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
- Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
- As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- No total, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Cícero afirmou ter recebido R$ 300 milhões da Conafer por meio de quatro empresas diferentes. O assessor disse não saber a origem do dinheiro e negou ter sido usado como “laranja” no esquema.
“Então, esse dinheiro não é todo… Eu recebi R$ 300 milhões, mas não tem como… Não são uns R$ 300 milhões fixos que eu recebo por mês para mim, entendeu? Só no explicativo”, disse o assessor.
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Segundo apurações da Polícia Federal (PF), o assessor fazia intermediações entre entidades investigadas e servidores do INSS.
A PF aponta Cícero, assessor de Carlos Ferreira Lopes, presidente da Conafer, como possível operador da entidade, que também é alvo da operação.
A Conafer sempre negou as acusações.

