Berta Loran ficou infértil após enfrentar dois abortos

A atriz Berta Loran morreu aos 99 anos nesta segunda-feira (29/9). Com uma das mais longevas carreiras da televisão brasileira, ela se consagrou como um dos nomes mais queridos do humor nacional.
Nascida Basza Ajs, em 23 de março de 1926, na cidade de Varsóvia, capital da Polônia, Berta chegou ao Brasil aos 9 anos com a família e adotou o novo nome que a acompanharia ao longo de toda a carreira. Filha de ator, ela pisou no palco pela primeira vez aos 14 anos e nunca mais deixou a cena.
“Vou trabalhar até os 120 anos. Fiz um contrato com Deus, quero viver até essa idade com saúde e sem dores”, declarou em entrevista ao Gshow.
Vida pessoal
Casada com Handfuss na Argentina, Berta engravidou duas vezes, mas enfrentou dois abortos, que nunca escondeu.
“Fiquei grávida do velhinho duas vezes. Mas como não tínhamos dinheiro para comer, a mulher colocava uma gilete dentro de mim e tirava os bebês”, relatou em entrevista ao site Ego, em 2016.
As complicações encerraram o sonho de ser mãe. No segundo casamento, aos 37 anos, com o paulistano Julio Marcos Jacoba, exames médicos revelaram que seu útero não suportaria mais uma gestação.
A união durou 22 anos e foi marcada pela infidelidade do companheiro, que era filho de uma polonesa trazida ao Brasil para a prostituição. Depois da separação, Berta manteve a vida amorosa reservada.
Em 2016, quando completou 90 anos, foi homenageada com o lançamento da biografia Berta Loran: 90 Anos de Humor, escrita pelo jornalista João Luiz Azevedo.
Com uma vida dedicada à arte, Berta Loran sai de cena deixando um legado de talento, coragem e amor pelo ofício.
Trajetória
Berta iniciou a trajetória artística ainda jovem, se apresentando com o pai em clubes da comunidade judaica. Aos 19 anos, casou-se com o ator Handfuss, trinta anos mais velho, e mudou-se para Buenos Aires, onde viveu por dois anos.
No cinema, estreou em 1955, no filme Sinfonia Carioca, de Watson Macedo. Dois anos depois, esteve em cartaz com a peça Fogo no Pandeiro, em Portugal, onde ficou por seis anos e conquistou o público como comediante.
Na televisão, começou no programa Espetáculos Tonelux, da TV Tupi. Em 1963, já de volta ao Brasil, foi contratada pela TV Record, com o apoio da amiga Bibi Ferreira. No mesmo período, participou da temporada carioca do musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força.
A chegada à TV Globo aconteceu em 1966, a convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A atriz passou a integrar o elenco fixo do humorístico Bairro Feliz e, a partir dali, marcou presença em produções de sucesso como Balança Mas Não Cai (1968–1971), Planeta dos Homens (1976) e Humor Livre (1984).
Com talento afiado para o riso, Berta se eternizou ao lado de Chico Anísio como uma das principais figuras da comédia brasileira. Na primeira versão da Escolinha do Professor Raimundo (1990–1995), interpretou a portuguesa Manuela D’Além-Mar. Em 2001, voltou ao programa no papel de Sara Rebeca.
Também esteve em produções populares como Zorra Total e A Grande Família, além de atuar em sete novelas da Globo e na minissérie Chiquinha Gonzaga, exibida em 1999.