Cais do Valongo é reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade

O Cais do Valongo, maior porto de entrada de negros escravizados na América Latina, recebeu o reconhecimento de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O sítio arqueológico fica na zona portuária do Rio de Janeiro e foi descoberto em 2011 durante escavações das obras do Porto Maravilha.
A Lei nº 15.203, publicada nessa quinta-feira (11/9), também reconhece o sítio arqueológico como patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro, essencial à formação da identidade nacional em decorrência do recebimento do título. A medida estabelece diretrizes para a proteção do local, como o respeito às manifestações culturais afro-brasileiras e à preservação de objetos.
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Cais do Valongo, na regioão central da cidade (tomaz Silva/Agência Brasil)
Agência Brasil/Tomaz Silva2 de 3
Rio de Janeiro – O Cais do Valongo, principal porto de entrada de escravos nas Américas é reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco (Fernando Frazão/Agência Brasil).
Fernando Frazão/Agência Brasil3 de 3
Divulgação
História
Segundo estimativas, cerca de 1 milhão de negros chegaram ao continente desembarcando no Cais do Valongo, construído em 1811 e aterrado em 1911. O local foi redescoberto 100 anos depois, em 2011, durante as obras para as Olimpíadas do Rio. Por sua magnitude, o local pode ser considerado o lugar mais importante de memória da diáspora africana fora da África.
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Debaixo da terra havia milhares de objetos, como calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis, pulseiras, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Cais do Valongo é um local de preservação da memória, com valor extraordinário para toda a humanidade.
O Cais era considerado Patrimônio Mundial pela Unesco desde 2018 e, de acordo com o órgão, foi incluído na lista por atender o critério VI do Guia para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial, que diz respeito à ligação do local a acontecimentos e tradições vivas, ideias ou crenças, obras artísticas e literárias de significação universal excepcional.
Para a Unesco, o Cais do Valongo é um sítio arqueológico sensível, pois abriga memórias que remetem a aspectos de dor e sobrevivência na história dos antepassados dos afrodescendentes — hoje mais da metade da população brasileira — e marcam as sociedades de outros países do continente americano.