Centrão quer amarrar Lula em 2026 e impor calendário de emendas

Centrão quer amarrar Lula em 2026 e impor calendário de emendas

O Centrão enxerga uma janela de oportunidade para impor o calendário de emendas em 2026, visando tirar do Poder Executivo a sua última margem de negociação com o Legislativo. Segundo apurou o Metrópoles, tanto o relator do Orçamento de 2026, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), quanto líderes da Câmara consideram real a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser obrigado a seguir um cronograma de pagamentos.

O pagamento de emendas se tornou a principal moeda de troca do Planalto na sua relação com o Congresso Nacional. Atualmente, o Poder Executivo já é obrigado a pagar a maior parte delas. Restou ao governo, diante da hipertrofia do Legislativo, somente controlar o ritmo de pagamentos, com tendência de afrouxar a torneira para abastecer as bases de deputados e senadores diante da necessidade de aprovação de propostas de interesse.

O Centrão percebeu que Lula vive um momento de fragilidade no Congresso, o que coincidiu com a discussão do Orçamento de 2026. Os parlamentares entendem que a articulação do Planalto está prejudicada, e citam a acachapante derrota na votação da cúpula da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre as fraudes Instituto Nacional de Seguridade Social (CPMI do INSS) e o crescimento do apoio à anistia ao 8 de Janeiro como exemplos.

A pressão pelo pagamento de emendas vem principalmente do baixo clero, mas é numerosa e chegou aos líderes partidários. Congressistas estão insatisfeitos porque não conseguiram enviar sequer 20% da verba prevista para 2025 aos seus redutos eleitorais. Eles temem que a mesma situação se repita no ano que vem, o que poderia prejudicar a construção de alianças com prefeitos e, por consequência, colocar em risco a sua reeleição.

Parlamentarismo

A possibilidade de o Legislativo determinar também quando o seus repasses serão liberados é tratada entre governistas como uma espécie de proclamação informal do parlamentarismo. Petistas relataram nos bastidores que já detectaram o movimento do Centrão nos bastidores e querem uma operação abafa contra a ideia, para matá-la ainda na Comissão Mista de Orçamento.

Caso falhem, alertam, estará ao governo questionar a proposta no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte já interrompeu a farra das emendas ao impor medidas de transparência, principalmente aos repasses assinados por comissões temáticas. Tratados como “novo orçamento secreto”, os recursos enviados “em conjunto” por congressistas viraram alvo de questionamentos, sendo batizados de “novo Orçamento Secreto”.

Enquanto isso, o governo Lula prepara um afrouxamento na torneira e pretende liberar mais emendas. É uma maneira de tentar fortalecer o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), visando conter o avanço da proposta de anistia.

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