Cineasta brasileira desaparece após detenção migratória nos EUA

A prisão da cineasta brasileira Bárbara Marques por agentes de imigração dos Estados Unidos se transformou em um drama para a família. Desde que foi detida durante uma reunião para solicitação do green card, em Los Angeles, a diretora não tem paradeiro certo e permanece incomunicável em meio a transferências constantes entre centros de detenção.
Em entrevista ao portal LeoDias, o escritor norte-americano Tucker May, marido de Bárbara, relatou que recebeu uma ligação da esposa no sábado (27/9). Segundo ele, a cineasta disse não saber sequer onde estava.
“Ela já havia sido transportada em vários aviões desde que a levaram do centro de detenção de Adelanto, apesar de um habeas corpus já protocolado e de uma ordem de restrição temporária pendente para impedir exatamente isso”, contou.
O norte-americano relatou que a companheira se mostrou em pânico. “Ela estava apavorada e não sabia onde estava (ficou apenas em uma cela com paredes brancas) nem para onde estavam levando-a. No final da nossa conversa, os agentes do ICE disseram que iriam movê-la novamente, então agora ela pode estar em qualquer lugar”, disse.
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May critica especialmente a atuação do ICE (Immigration and Customs Enforcement). “Uma de minhas maiores preocupações é a falta de regras ou de prestação de contas da agência como um todo. Eles demonstram um desprezo aberto por ordens judiciais e pelo Estado de Direito”, afirmou.
O escritor ainda teme uma deportação repentina: “Meu maior medo é que deportem minha esposa de volta ao Brasil e, durante o trajeto, a deixem por longos períodos em prisões fora dos EUA ou até em locais sem regulamentação na América Central”.
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Cineasta Bárbara Marques
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O marido reforça que a brasileira não tem antecedentes criminais. “Bárbara ficou devastada, ela nunca cometeu um crime nem fez nada de errado, exceto ter perdido uma audiência judicial sobre a qual nunca foi devidamente notificada. Ela estava apavorada e chorando quando a colocaram em algemas e correntes, e um agente do ICE pegou o celular e tirou uma selfie, sorrindo diante da dor e do medo dela”, denunciou.
May disse ainda não ter recebido qualquer retorno da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos nem do Consulado-Geral em Los Angeles, apesar de sucessivas tentativas de contato. Diante do silêncio das autoridades, ele busca visibilidade para o caso por meio da imprensa e das redes sociais.
Para ele, o episódio ultrapassa a dimensão pessoal. “Se permitirmos que forças federais sequestrem pessoas e façam o que quiserem sem supervisão ou limites de poder, é apenas uma questão de tempo até que comecem a rotular outros setores da sociedade como ‘indesejáveis’ e a desaparecer com essas pessoas também. O pesadelo contínuo da minha esposa é um exemplo do que potencialmente aguarda todos os americanos, a menos que atuemos coletivamente agora para combater os piores impulsos autoritários demonstrados pela atual administração”, declarou.