Colômbia vê risco de guerra regional se EUA atacarem Venezuela
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nessa segunda-feira (1/9) que uma agressão à Venezuela pode transformar a região em um cenário de conflito semelhante à Síria ou ao Iraque. A fala se dá em meio a ameaças dos Estados Unidos de envio de navios de guerra à costa da Venezuela.
“Se houver uma agressão violenta contra a Venezuela, o que vemos na Síria e no Iraque se tornará a realidade de toda a região da Grã-Colômbia. Assassinos em massa tomarão territórios, movidos pela ganância, e os Estados se enfraquecerão como instrumentos de paz social”
A Grã-Colômbia, território no qual Petro se refere, é composto por Colômbia, Equador, Venezuela e Panamá. Ele sinaliza que se houver intervenção estrangeira, é possível uma escalada de violência coloque em risco a América Latina. A tensão entre EUA e Venezuela têm se instensificado nas últimas semanas após Donald Trump ordenar navios com mísseis guiados com mais de 4 mil militares, justificando conter a “ameaça” de grupos narcotraficantes.
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A mobilização naval ficou ainda mais evidente quando a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou que Trump pretende usar “todo o poder” do país contra cartéis de drogas no continente. As ações se intensificaram após os EUA classificarem o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro como chefe do cartel de Los Soles.
“Na grande pátria de Bolívar, não pode haver nada além da soberania nacional. Nem no Panamá, nem no Equador, nem na Colômbia, nem na Venezuela, deve haver submissão servil aos estrangeiros. A região deve coordenar, em termos de igualdade, sua política antidrogas com os estrangeiros, já que se trata de um problema de humanidade, mas em termos de igualdade, não de submissão”, declarou Petro.
Si hay una agresión violenta contra Venezuela, lo que vemos en Siria e Irak será la realidad de toda la región grancolombiana. Asesinos de masas se adueñarán de territorios, movidos por la codicia, y los estados se debilitarán como instrumentos de paz social.
Por eso en la…
— Gustavo Petro (@petrogustavo) September 1, 2025
Petro destacou, no entanto, que a ação anti-drogas deve ser realizada, mas disse não estar de acordo com “bases militares estrangeiras nos territórios da pátria de Bolívar”.
Oito navios dos EUA no Caribe
Segundo Maduro, oito embarcações militares dos EUA, acompanhadas de um submarino, já navegam no Caribe com 1,2 mil mísseis apontados para o território venezuelano, Em entrevista coletiva em Caracas, o líder venezuelano classificou a movimentação como “a maior ameaça à América Latina no último século” e acusou os EUA de promoverem uma incursão “criminosa e imoral”.
“Oito navios de guerra, 1,2 mil mísseis e um submarino nuclear estão mirando a Venezuela. […] Se a Venezuela for agredida, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional e da história e do povo da Venezuela”, disse.
O envio da frota foi autorizado em meados de agosto pelo governo de Donald Trump, sob o argumento de intensificar o combate ao narcotráfico na região. Foram deslocados ao menos sete navios de guerra, um submarino nuclear, aviões de reconhecimento P-8 e cerca de 4,5 mil militares.
O governo venezuelano avalia, no entanto, que a dimensão da operação ultrapassa uma ação de interdição ao tráfico de drogas, levantando suspeitas sobre uma possível intervenção militar.