Com saída do União-PP, Lula redobra cobrança por lealdade de ministros

O rompimento da federação União-PP com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou a cobrança por lealdade dos ministros que permanecem na Esplanada dos Ministérios. A baixa na gestão petista expõe a urgência do Palácio do Planalto em reforçar alianças para 2026.
Os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PP, senador Ciro Nogueira (PI), determinaram a saída de todos os filiados do Executivo e ameaçaram punir quem insistir em permanecer no governo. A medida atinge diretamente os ministros André Fufuca (Esporte) e Celso Sabino (Turismo), ambos deputados licenciados que assumiram cargos como parte da estratégia de Lula para ampliar a governabilidade no Congresso Nacional.
A decisão sucede a cobrança do presidente para que ministros assumam a defesa das ações do governo federal durante as agendas e viagens pelo país. A exigência aconteceu durante a segunda reunião ministerial do ano, no Palácio do Planalto.
Logo após a federação União-PP, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrou alinhamento dos ministros e indicaram que permaneceram no governo com a defesa do governo Lula.
“Quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a democracia e o Estado de direito, nossa soberania. Precisam trabalhar conosco para aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional”, declarou a petista.
O caso de Sabino é considerado mais delicado. Nomes do União Brasil defendem que ele se licencie do partido para se manter no cargo, sob a justificativa de que conduz projetos estratégicos, como a organização da 30º Conferência das Partes (COP3,) prevista para novembro em Belém (PA).
O evento é tratado como uma vitrine internacional do governo no campo ambiental. Além disso, Sabino preside o Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas (ONU) Turismo, e busca a reeleição no posto.
Sinuca de bico de Celso Sabino
- O ministro do Turismo, Celso Sabino, informou à cúpula do União Brasil que seguirá a decisão de rompimento com Lula, mas a sigla avalia que ele tenta ganhar tempo para se manter no cargo.
- Em um almoço no Palácio da Alvorada, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, cobrou lealdade total e dedicação ao projeto de reeleição de Lula.
- A permanência dos ministros está condicionada ao alinhamento político integral e ao esforço em conquistar parte da bancada do União para votar com o governo.
- União Brasil estipulou 30 dias para que Sabino deixe o cargo, permitindo transição sem ruptura brusca.
No Ministério do Esporte, por outro lado, o PT já discute internamente substitutos para André Fufuca. Um dos nomes cogitados é o de Ricardo Gomyde, ex-secretário Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor.
A saída das duas legendas representa perda significativa para o Palácio do Planalto. O União Brasil e o PP somam mais de 100 deputados e cerca de 15 senadores, números que podem ajudar na aprovação de temas considerados estratégicos.
A saída é tida como parte da estratégia de Rueda e Nogueira de articular uma candidatura única contra Lula em 2026. Os dois também se alinharam à proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta ações no Supremo Tribunal Federal (STF).
De olho na reeleição, o governo Lula aposta em pautas de apelo popular, como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. O texto, inclusive, já teve urgência aprovada na Câmara, mas ainda não há previsão para análise do mérito.
No Congresso Nacional, o debate é dominado por uma possível anistia a Bolsonaro, ofuscando o avanço agendas consideradas prioritárias para o Palácio do Planalto.