Dino reclama de quem o mandou ir para o Nepal: “Ganha materialidade”

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino comentou as ameaças que recebeu em razão do seu voto durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus no caso da trama golpista. Na quarta, o magistrado apresentou uma representação junto à Polícia Federal (PF) para apurar as ofensas sofridas.
Segundo o ministro, foram recebidas “milhares” de mensagens que ameçavam “fazer o Nepal” no Brasil, em referência aos atos violentos que estão ocorrendo no país asiático.
“Ontem mesmo eu representei à Polícia Federal porque passaram o dia [fazendo] milhares de postagem dizendo que eu devia ir para o Nepal, ou que iam fazer o Nepal aqui, e que iam tocar fogo na casa das pessoas”, narrou Dino durante intervenção no voto do ministro Cristiano Zanin.
Na manifestação à PF, Dino anexou uma série de prints de postagens em redes sociais com xingamentos, incitações a ataques contra ministros e familiares, além de mensagens que estimulam a destruição do prédio do STF. O magistrado destacou que tais manifestações podem configurar crimes de coação no curso do processo.
Durante o julgamento na Primeira Turma do STF, Dino ressaltou que essas ameaças são preocupantes pois “infelizmente, ganham materialidade”.
“Eu sempre me preocupo muito com isso porque sabemos que essas coisas, infelizmente, ganham materialidade. Então, do ponto de vista preventivo, é muito relevante a lembrança de Vossa Excelência [Zanin]: não é só impedir [ações golpistas], é restringir também”, pontuou.