Dólar cai e Bolsa bate recorde em euforia com corte de juros nos EUA
Os mercados de câmbio e de capitais no Brasil voltaram a se valer do bom humor dos investidores nesta sexta-feira (5/9). Com isso, o dólar registrou queda de 0,63% frente ao real, cotado a R$ 5,41. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em alta de 1,17%, aos 142.634 pontos.
No caso do Ibovespa, ele bateu dois recordes. O primeiro deles foi na operação “intradia”, ou seja, durante o pregão, quando atingiu 143.402 pontos, às 10h35. A outra melhor marca desse tipo havia ocorrido em 29 de agosto, com 142.378 pontos. O índice também atingiu o maior patamar de sua história no fechamento da sessão, com os 142.634 pontos, superando 141.422 também de 29 de agosto.
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Dólar cai a R$ 5,45 com mercado de trabalho mais fraco nos EUA
O principal vetor dos mercados desta terça-feira foram dados divulgados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o “payroll“. Eles indicaram que a economia americana criou 22 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em agosto. O número ficou muito abaixo das estimativas, que previam 76 mil. Em julho, o total havia ficado em 79 mil.
Tamanho baque confirmou a tendência de corte de juros nos EUA, na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), no dia 17 de setembro. Desde dezembro de 2024, a taxa está no intervalo entre 4,25% e 4,5o%.
Tamanho do corte
Com a indicação do “payroll“, que reforçou outras estatísticas divulgadas nos últimos dias, a discussão já não é mais sobre se os juros vão cair, mas quanto. A ferramenta de observação do Fed do CME Group indica 90% de chances de uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.) e 10% de uma baixa de 0,50 p.p.
Agora, os agentes econômicos já falam em três cortes da taxa americana em 2025 — ou seja, com mais duas além de setembro, num total de 0,75 p.p.. Nesta quarta, e nesse embalo, a curva de juros de dez anos dos EUA caíam 1,71%, a 4,09%.
Efeitos no mundo
Uma queda de juros nos EUA é um fator positivo, principalmente sob a ótica de países emergentes como o Brasil. Ele aumenta a diferença entre as taxas dos Estados Unidos e o Brasil (o diferencial de juros, no jargão), algo que tende a apreciar o real frente ao dólar. Tal queda pode ter impacto positivo sobre a inflação brasileira.
Além disso, com os juros americanos mais baixos, os títulos da dívida americana, os Treasuries, perdem atratividade. Em contrapartida, cresce o interesse dos investidores por ativos de maior risco, como as ações negociadas em bolsas de valores. Isso fortalece o mercado de capitais.
Queda global
Nesse cenário, com a divulgação do “payroll“, a queda do dólar foi global. Às 16h50, o índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a seis divisas de países desenvolvidos (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), operava em baixa de 0,52%, a 97,78 pontos.
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a resposta do mercado acionário aos baixos números do emprego não foi linear. “Em Nova York, o temor de que a fraqueza do ‘payroll’ antecipe um ciclo mais profundo de desaceleração da economia levou a perdas nos índices de ações dos EUA”, diz. “No Brasil, o movimento foi inverso, com o Ibovespa renovando máximas históricas.”
Juros no Brasil
Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, observa que, no mercado doméstico, os juros futuros curtos recuaram, acompanhando a queda dos rendimentos americanos, enquanto as taxas mais longas permanecem praticamente estáveis. “Apesar disso, o Copom mantém uma postura cautelosa”, afirma. “Para o Banco Central, cortes na Selic (a taxa básica brasileira, atualmente em 15% ao ano) só devem ser considerados quando houver maior desaceleração da economia brasileira, inflação corrente e de serviços mais comportada e expectativas de preços bem ancoradas”, diz.