Dólar cai e Bolsa sobe, ignorando novas ameaças de Trump contra China
O dólar à vista registrou queda de 0,63% frente ao real, cotado a R$ 5,37, nesta segunda-feira (20/10). O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em alta de 0,86%, aos 144.627 pontos.
Os mercados de câmbio e ações no Brasil acompanharam um maior apetite por risco registrado em todo o mundo. As bolsas de Nova York, por exemplo, também subiram. Pouco antes do fechamento, os principais índices avançavam: o S&P, 1,07%; o Dow Jones, 1,12%; e o Nasdaq, que concentra ações do setor de tecnologia, 1,37%.
O real ficou entre as divisas com o melhor desempenho frente ao dólar neste início de semana. Para analistas, a moeda brasileira se beneficia dos juros altos (a Selic está fixada em 15% ao ano) no país. A taxa nesse patamar, dizem os técnicos, estimula o carry trade, quando os investidores tomam empréstimos em moeda com juros baixos e aplicam os recursos num país com juros altos (no caso, o Brasil).
Ataques de Trump
Nesta segunda-feira, nem mesmo as novas ameaças feitas contra a China pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diminuíram o bom humor dos investidores. O republicano disse que poderia taxar os produtos chineses em até 155% a partir de 1º de outubro, caso as negociações entre os dois países não avançassem.
Trump já afirmou que as sobretaxas seriam uma represália contra o país asiático, que anunciou um controle mais rigoroso na exportação de terras raras, usadas na produção de itens de alta tecnologia, como semicondutores.
Nesta segunda-feira, o presidente dos EUA assinou um acordo com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, para ampliar o acesso a minerais críticos e terras raras. A medida foi vista como um esforço para reduzir a dependência americana dos chinesas.
Inflação em queda
No cenário interno, houve notícias positivas. Pela manhã, o Boletim Focus, a pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC) com economistas do mercado, mostrou quedas nas projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, para todos os anos entre 2025 e 2028.
No caso de 2025, a estimativa dos agentes econômicos passou de 4,72% para 4,70%, na quarta redução seguida. Para 2026, a baixa foi de 4,28% para 4,27%. Os recuos foram maiores nos anos seguintes. Em 2027, a previsão diminuiu de 3,90% para 3,83 e, em 2028, de 3,68% para 3,60%.
Ibovespa
A Petrobras recebeu nesta segunda-feira a licença do Ibama para perfurar um poço exploratório em águas profundas na região da Foz do Amazonas. A área é considerada uma nova fronteiras de petróleo e gás do país.
A empresa também anunciou que vai reduzir em 4,9% o preço da gasolina vendida às distribuidoras. O novo preço vale a partir desta terça-feira (21/10). A informação é benéfica sob o ponto de vista da tendência da inflação. As ações da empresa, contudo, registravam queda de 0,60% pouco antes do fechamento do mercado.
Vale em alta
Em contrapartida, a cotação de outras empresas de peso no Ibovespa subiu forte no pregão. Os papéis da Vale subiam 1,65%. A maior parte dos grandes bancos também estavam em alta, com destaque para o Santander, com elevação de 2,84%.
Recorde do ouro
Apesar do maior apetite por risco, os contratos de ouro, considerado um porto seguro do mercado, bateram novos recordes nesta segunda-feira. Os futuros do metal com entrega para dezembro fecharam em elevação de 3,47%, a US$ 4.359,40 por onça-troy (o equivalente a 31,1 gramas).

