Dólar e Bolsa recuam com Bolsonaro, Trump e dados dos EUA

O dólar operava em queda nesta quarta-feira (3/9), em um dia movimentado no noticiário político-econômico, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o que acaba mexendo com o mercado financeiro.
No cenário doméstico, as atenções seguem voltadas para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus, por suposta tentativa de golpe de Estado, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Também há preocupação com possíveis novas sanções contra o Brasil por parte do governo do presidente norte-americano Donald Trump, no caso de uma eventual condenação de Bolsonaro.
Os investidores ainda monitoram os dados da produção industrial do país referentes ao mês de julho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos EUA, o destaque fica por conta da divulgação de uma série de indicadores sobre o desempenho da economia, entre os quais constam dados de emprego.
Dólar
- Às 12h27, o dólar caía 0,42%, a R$ 5,451.
- Mais cedo, às 11h14, a moeda norte-americana recuava 0,66% e era negociada a R$ 5,439.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,466. A mínima é de R$ 5,435.
- Na véspera, o dólar terminou a sessão em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,474.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 0,96% no mês e perdas de 11,42% no ano em relação ao real.
Ibovespa
- Sob forte oscilação, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em queda no pregão.
- Às 12h31, o Ibovespa recuava 0,3%, aos 139,9 mil pontos.
- No dia anterior, o indicador recuou 0,67%, aos 140,3 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 0,77% em setembro e alta de 16,67% em 2025.
Julgamento de Bolsonaro, dia 2
Nesta quarta, a Primeira Turma do Supremo retoma o julgamento da ação penal que investiga a suposta trama golpista atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outros sete réus do núcleo 1 – o “núcleo crucial” da Ação Penal nº 2.668. O segundo dia dessa fase final do julgamento tem como destaque a sustentação oral da defesa do ex-presidente.
O rito teve início na terça-feira (2/9), com o presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, abrindo a sessão. Depois, o ministro relator, Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal e, na sequência, passou a palavra para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que sustentou a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PGR pediu a condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus. Após a manifestação do Ministério Público, os advogados de Mauro Cid, Alexandre Ramagem e Anderson Torres fizeram suas sustentações orais.
É esperado que a primeira semana de julgamento se encerre com as sustentações orais dos advogados, deixando o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, para abrir a sessão do dia 9 de setembro (terça-feira), já na segunda semana.
No mercado, há um temor por eventuais novas sanções contra o Brasil por parte do governo de Donald Trump, aliado de Bolsonaro e que contesta a lisura do processo envolvendo o ex-presidente brasileiro.
Ao impor tarifas comerciais de 50% sobre grande parte dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA, Trump justificou a medida dizendo que o tratamento que o Judiciário brasileiro dava a Bolsonaro era injusto. A Casa Branca também sancionou autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do STF, alvo da Lei Magnitsky.
Dados da economia norte-americana
Também de olho nos EUA, os investidores repercutem alguns dados econômicos divulgados nesta quarta-feira.
Entre eles, estão os números relativos às encomendas da indústria no mês de julho, que mostram como estão os investimentos e a demanda por bens duráveis no país.
Outro destaque importante é a divulgação do relatório “Job Openings and Labor Turnover Survey” (Jolts), pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês). O documento traz números a respeito das vagas de emprego, contratações e desligamentos nos EUA, além de mostrar as chamas “vagas em aberto”.
As vagas em aberto são as posições disponíveis dentro das empresas que os empregadores buscam preencher por meio de contratações. Para participar do relatório Jolts, os empregadores recebem um formulário no qual informam o número de vagas em aberto na empresa no último dia útil do mês, além do número de contratações e demissões no período.
Em tese, portanto, o aumento na quantidade de vagas em aberto indica que as empresas pretendem aumentar suas contratações.
Analistas temem que a aceleração do mercado de trabalho nos EUA possa levar a um novo aperto da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).
Atualmente, a taxa de juros no país está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano, mas a maioria dos analistas do mercado aposta no início do ciclo de cortes já a partir da próxima reunião da autoridade monetária, neste mês de setembro. A expectativa é que haja uma queda de 0,25 ponto percentual nos juros.
Por fim, o Fed publica nesta quarta-feira o chamado Livro Bege – um relatório que reúne informações sobre a situação econômica em diferentes regiões dos EUA. O dia também terá a divulgação de dados sobre os estoques semanais de petróleo pelo American Petroleum Institute (API), que monitora a oferta e demanda de combustíveis no mercado norte-americano.