Dólar sobe e Bolsa cai na “ressaca” dos juros nos EUA e no Brasil

Dólar sobe e Bolsa cai na “ressaca” dos juros nos EUA e no Brasil

Os mercados de câmbio e de ações andaram de lado nesta quinta-feira (18/9) no Brasil. No fim do pregão, contudo, o dólar avançou em alta de 0,33%, cotado a R$ 5,31. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em leve queda de 0,06%, aos 145.499 pontos. Por ser pequena, a variação retrata uma estabilidade do indicador.

Na avaliação de analistas, essas variações indicam ajustes, numa sessão em que os indicadores tiram um dia de “ressaca”, depois da definição das taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, anunciadas na quarta-feira (17/9). Embora não tenham provocado solavancos, as medidas continuaram repercutindo no mercado.

No caso dos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), anunciou um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) e a taxa passou para o intervalo entre 4% e 4,25%.

A redução era amplamente esperada pelos agentes econômicos. Com isso, as análises voltaram-se para a possibilidade de novas quedas. Mesmo porque os integrantes do Fomc projetaram taxas entre 3,50% e 3,75% para o fim do ano. Tais números, portanto, embutem mais duas baixas da mesma proporção (0,25 p.p.) em outubro e dezembro.

Cautela

Os dois cortes adicionais, porém, também eram tidos como certos. Mas Jerome Powell, o presidente do Fed, disse em entrevista, tradicionalmente concedida depois da divulgação dos números, que os riscos para a inflação permanecem em “situação difícil”. A cautela das declarações de Powell deixou os investidores de sobreaviso. Com isso, as bolsas atenuaram o forte ritmo de alta.

Nesta quinta-feira, no entanto, os principais indicadores das bolsas de Nova York voltaram renovar máximas históricas, indicando certo ânimo entre os investidores. Por volta das 16h50, o S&P 500 subia 0,47%, o Dow Jones avançava 0,27% e o Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, registrava elevação de 0,94%.

Copom foi duro

No caso da decisão sobre os juros no Brasil, também não houve surpresa. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), manteve a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 15%, o maior patamar desde 2006. O órgão do BC, no entanto, divulgou um comunicado considerado “duro” por analistas.

O Comitê disse que as expectativas sobre o ritmo do aumento de preços permanecem “desancoradas” (ou seja, longe da meta de 3% ao ano) e há resiliência na atividade econômica, em especial no mercado de trabalho.

Projeção de inflação

Além disso, a projeção de inflação para o primeiro trimestre de 2027, o atual horizonte relevante de política monetária, foi mantida em 3,4%. Muitos analistas esperavam que ela poderia cair para 3,3%, ou mesmo, para 3,2%. Para o Copom, o “horizonte relevante” é o momento em que as decisões sobre a taxa de juros terão um efeito significativo na economia, especialmente na inflação.

Por fim, diante desse cenário, o Comitê defendeu uma política monetária em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado”. O efeito dessa colocação, que já estava presente em comunicados anteriores do Copom, foi derrubar a perspectiva de reinício de cortes da Selic ainda em 2025.

Diferencial de juros

Apesar da perspectiva de juros altos por longo prazo, o que compromete a atividade econômica no país, os analistas veem boas oportunidades para investimentos em ações. Eles também acreditam na tendência de queda da cotação do dólar.

Tais previsões valem-se justamente da diferença de juros entre os EUA e o Brasil. Em queda na economia americana e mantidos no mercado brasileiro, essa distância vai aumentar, favorecendo, por exemplo, uma operação conhecida como “carry trade“. Ela consiste numa estratégia em que o investidor toma emprestado dinheiro numa moeda com juros baixos e investe noutra moeda com juros mais altos, lucrando com a diferença.

“A decisão do Fed influencia o dólar”, diz Gabriel Filassi, da AVG Capital. “Menores juros nos EUA fazem com que a moeda americana tenda a ceder em um futuro próximo frente a moedas emergentes.”

Dólar e Ibovespa

Nesta quinta-feira, o dólar valorizou-se nos mercados globais, à semelhança do que ocorreu no Brasil. O índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de seis moedas fortes, apresentava elevação de 0,32%. Ele também na comparação com emergentes, com alta de 0,32% sobre o peso mexicano e 0,50% em relação ao colombiano.

No caso do Ibovespa, ele sofreu com a queda das ações que têm maior no índice. Perto do fechamento, que ocorre às 17 horas, os papéis da Petrobras recuavam 1,16% e os da Vale baixavam 0,38%.  Também estavam em queda o Itaú (0,67%) e o Bradesco (0,80%).

Na avaliação da corretora Ativa, o destaque positivo do pregão foi a Natura, cujas ações avançaram mais de 15%. Os papéis da empresa subiram depois do anúncio da venda da Avon International. No polo negativo do índice, ficaram a Usiminas, com recuo em torno de 3,20%, e a Braskem, com queda pouco superior a 2,50%, ambos registrados às 16h45.

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