Em meio ao tarifaço, acordo Mercosul-EFTA será assinado nesta 3ª

O Mercosul assina nesta terça-feira (16/9) o acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A ratificação acontece em meio às novas ameaças do governo dos Estados Unidos contra o Brasil, diante da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou, na segunda-feira (15/9), que a condenação de Bolsonaro será respondida pelo governo norte-americano. O ex-presidente foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por participação na trama golpista, que tinha como objetivo impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Temos esses juízes ativistas – um em particular – que não só perseguiu Bolsonaro, aliás, ele tentou – ele tentou realizar reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos ou contra alguém que postasse online de dentro dos Estados Unidos, e até ameaçou ir ainda mais longe nesse sentido. Portanto, haverá uma resposta dos EUA a isso”, declarou o secretário.

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Não é a primeira vez que o governo norte-americano se manifesta contra as ações de Jair Bolsonaro. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicou uma alíquota de 50% a alguns produtos brasileiros em decorrência do que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente.

Entenda o que é o Mercosul

  • O Mercosul é um bloco político e econômico da América do Sul, que visa fazer a integração regional entre os seus membros. Um dos principais objetivos é avançar o livre comércio, tanto de bens, como de serviços e outros setores produtivos.
  • O Mercosul é composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bolívia está no processo de integração, que pode levar até quatro anos para estabelecer a sua entrada no bloco.
  • Além dos países membros, o Mercosul possui aquelas nações associadas, como Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Peru e Suriname.
  • Segundo o Ministério das Relações Exteriores, entre janeiro e maio de 2025, o intercâmbio realizado entre os membros do Mercosul foi de R$ 17,5 bilhões.

Mercosul-EFTA

Na avaliação de Leonardo Paz, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento das pressões dos Estados Unidos contra diversas econômicas, incluindo o Brasil, favorece o avanço de acordos comerciais e a diversificação de parceiros.

“Trump cooperou em criar esse ambiente onde todo mundo agora está querendo melhorar os seus termos de comércio com outros lugares, até para poder desviar um pouco, deslocar um pouco o comércio dos Estados Unidos para outras áreas para dar mais segurança comercial para outras economias”, indica Leonardo Paz.

O pesquisador da FGV aponta que o acordo comercial entre Mercosul e EFTA é pequeno em termos de volume, mas tem sua relevância em decorrência da alta renda per capita dos países envolvidos.

Leonardo Paz complementa que a ratificação irá favorecer, em especial, a exportação brasileira de produtos agropecuários e mineração, mas também oferece uma oportunidade para a indústria manufatureira nacional.

“O Brasil tem uma indústria de manufaturado muito pouco competitiva internacionalmente, tanto é que ela não penetra em quase nenhum lugar no mundo, é muito difícil a indústria brasileira conseguir penetrar no mercado internacional”, finaliza o pesquisador da FGV.

O acordo é assinado em um contexto da presidência do Brasil no Mercosul, no entanto, os últimos detalhes da proposta foram fechados durante a gestão da Argentina, que se encerrou em julho.

União Europeia

A grande aposta brasileira é para ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. A expectativa do presidente Lula é de que o texto final seja assinado até o final deste ano, quando o Brasil deixa a presidência do bloco sul-americano.

O acordo entre Mercosul e EFTA prevê que quase 99% das exportações brasileiras tenham acesso livre ou preferencial ao mercado dos países do bloco. Produtos agrícolas de forte peso na balança comercial do Brasil, como carnes, milho, soja, café e frutas, também terão cotas ou isenção tarifária.

A proposta ainda define a eliminação imediata de 100% das tarifas de importação da EFTA para bens industriais e pesqueiros. Na outra ponta, o Mercosul se compromete a liberalizar aproximadamente 97% do comércio.

A expectativa do governo brasileiro é de que tenha um impacto positivo inicial de R$ 2,69 bilhões sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, com um aumento de R$ 660 milhões no investimento para o ano de 2044.

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