Garimpeiros que atuam no Entorno cobram até R$ 500 por grama do ouro

Região goiana com o solo cobiçado, Luziânia ainda é alvo de garimpos ilegais e o ouro extraído é vendido entre R$ 400 e R$ 500. As informações são de um ex-garimpeiro morador da cidade, José de Carvalho, de 71 anos.
Ele contou ao Metrópoles que as terras luzianenses ainda guardam o metal precioso. De acordo com ele os garimpeiros agem de forma autônoma e, devido a difícil regularização da atividade, acabam garimpando de forma clandestina devido a dificuldade financeira.
“Cada garimpeiro consegue extrair, em média, de um a dois gramas por dia”, comenta o ex-garimpeiro. “Alguns compradores já sabem e vêm aqui, enquanto outros garimpadores buscam sair do município para vender por preço melhor”, conta.
O morador assegura que na região ainda existem pelo menos 10 garimpeiros ilegais em atividade.
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Mais de 100 pedidos de exploração
A exploração do solo foi solicitada pelo menos 100 vezes, pela Kinross Brasil Mineração S/A, empresa de mineração com sede no Canadá, Kinross Gold Corporation. O pedido feito para a Agência Nacional de Mineração (ANM).
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Igreja Nossa Senhora do Rosário, maior ponto turístico de Luziânia (GO), foi construída por escravos e pode “esconder” mina de ouro
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Historiadores apontam que há ouro debaixo do santuário
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Ao menos 87 escravos, que construíram a igreja porque não podiam ir à missa onde a população branca ia, foram enterrados no local
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Os números riscados no chão são identificadores dos caixões
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Antônio João dos Reis, 93, historiador de Luziânia
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Antônio é filho de Gelmires Reis, tido como o maior historiador do município histórico
Willian Matos/Metrópoles
Sendo uma das maiores produtoras de ouro no Brasil, a companhia demonstrou bastante interesse na região goiana. A avalanche de pedidos começou em 2024, indicando o interesse da mineradora no município goiano.
Entre 2019 e 2023, a média do chamado requerimento de registro de licença no site da ANM era parecida, oscilando entre sete e 12 pedidos por ano. Além disso, as solicitações eram sempre feitas por várias empresas.
Já em 2024, a agência reguladora recebeu 78 pedidos, sendo 67 da empresa canadense Kinross Gold Corporation, por meio da filial brasileira Kinross Brasil Mineração S/A.
Em 2025, os pedidos parecem estar diminuindo, mas o número ainda é maior do que o período entre 2019 e 2023. De janeiro a setembro deste ano, a ANM recebeu 29 pedidos na totalidade, sendo 20 da Kinross.
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Quando questionado se o suposto domínio de uma empresa internacional traria ou não malefícios para Luziânia, José de Carvalho diz que enxerga a geração de empregos na cidade. “[Caso os canadenses passem a tomar conta do solo] eu gostaria que os trabalhadores fossem daqui de Luziânia, isso geraria mais emprego. Além disso, se [a empresa] depredar [o solo], ela têm obrigação e condições de consertar o que estragou, com maquinários de última geração”, pontua.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Kinross Brasil Mineração S/A, que pediu sete dias úteis para elaborar uma resposta. A ANM foi demandada para se pronunciar em meio à alta de pedidos da empresa mencionada, mas não havia retornado até a última atualização deste texto.
A reportagem também buscou as polícias Federal (PF) e Civil de Goiás (PCGO). Em caso de manifestação, a reportagem será atualizada.