Gleisi conversou com Motta sobre exonerações de cargos do Centrão
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, conversou com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre a leva de exonerações iniciada na semana passada pelo Planalto aos indicados dos deputados que votaram contra a MP do IOF. A articuladora política do governo Lula quis deixar claro que não trata-se de uma retaliação à Casa, mas sim um rearranjo natural de um Executivo que precisa fortalecer aliados para a eleição que bate à porta.
Segundo interlocutores, a conversa ocorreu na última semana. Gleisi também falou com líderes partidários, a quem transmitiu o ponto de vista do Planalto. O recado foi que a Câmara foi atingida com as demissões de indicados porque a votação da Medida Provisória deu ao governo um mapa dos deputados de fato alinhados a Lula, e que podem acompanhá-lo para a eleição de 2026.
Mapa semelhante ainda não há no Senado, por exemplo. E o governo espera que não haja, pois entende que as demissões podem servir de recado pedagógico ao senadores que tenham cargos na máquina pública federal e cogitem votar contra o Planalto em temas importantes.
Entenda a derrota do governo:
- O Planalto contava com a aprovação da MP para desafogar as contas;
- Proposta taxava, principalmente, fundos de investimento isentos e bets;
- Na véspera, o clima da Câmara começou a mudar;
- A maré virou com articulação do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas;
- Centrão e oposição se uniram para enfraquecer Lula até 2026.
Arrecadação
A Medida Provisória rejeitada pela Câmara previa uma série de medidas arrecadatórias, em compensação ao recuo no reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Se aprovada, poderia significar a entrada de R$ 17 bilhões a R$ 35 bilhões nos cofres do Executivo, valor que ajudaria o governo a atingir a meta fiscal sem cortar programas importantes.
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Antes da votação na última quarta-feira (8/10), o Planalto já sabia que o texto seria rejeitado. Mas fez questão de pautá-lo para ter o nome de quem votou contra o pacote arrecadatório. A ideia é justamente extirpar da máquina pública os indicados por parlamentares que contrariaram o governo, para redistribuir esses postos entre os aliados que votaram a favor.
Ou seja, o Planalto reforçou que a Câmara não perderá sua fatia de participação no governo, mas ela apenas será redistribuída internamente. Entre os exonerados, por exemplo, está Rodrigo de Lemos Lopes. Ele era indicado pelo deputado Altineu Côrtes (RJ), ex-líder do PL, maior partido de oposição. Seu apadrinhado ocupava a vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa Econômica.
Ainda houve demissões na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e no Ministério da Agricultura. Segundo apurou o Metrópoles, a SRI ainda está mapeando os cargos e mais demissões de aliados considerados “infiéis” devem ocorrer em breve.

