“Iscas” seduzem clientes para gastar na “banca do trepa-trepa” em feira do DF

“Iscas” seduzem clientes para gastar na “banca do trepa-trepa” em feira do DF

Na Feira Permanente do Setor P Norte, em Ceilândia, a venda de cervejas virou um negócio que mistura apelo sensual e consumo exagerado de álcool. Jovens mulheres, conhecidas como “iscas”, trabalham em bancas de bebidas usando roupas curtas e linguagem provocativa para atrair clientes, majoritariamente homens.

As vendedoras, com idades entre 17 e 25 anos, recebem comissão por cada garrafa vendida. A meta diária é de ao menos 15 unidades, o que rende cerca de R$ 800 por semana. O pagamento é de R$ 5 por garrafa, além de ajuda com transporte. Apesar do ambiente sugerir prostituição, muitas afirmam que o trabalho se limita à venda de bebidas.

 

 

A primeira impressão é que as bancas funcionam como espécie de “puteiro light” travestido de barracas alimentícias. Ledo engano. Cada banca opera com até com seis meninas que se desdobram simultaneamente para lucrar com a venda de bebidas geladas, e só.

Cerveja exorbitante

O negócio é lucrativo, apesar de o preço cobrado assustar quem passa pela primeira vez. Uma simples long neck não sai por menos de R$ 15. Um trio de garrafas “litrão” custou R$ 93 durante a visita da reportagem ao local. Para os frequentadores assíduos, porém, não há limite. “Alguns gastam como se não houvesse amanhã. Tem cliente que despeja R$ 2 mil a R$ 3 mil em uma tarde quente”, revelou uma vendedora. O figurino é calculado para provocar olhares e incentivar copos cheios.

Cada banca aposta em música alta, com caixas de som disputando espaço com funk, sertanejo e pagode. O cenário mistura bebida, música e insinuação sexual como estratégia de venda.

1 de 15VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
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Banca do “trepa-trepa”

Uma das bancas mais conhecidas no local, apelidada de “trepa-trepa”, vai além da venda de bebidas. Ali, a responsável mistura o papel de comerciante com o de cafetina. Com celular em mãos, exibe fotos e vídeos de garotas de programa e garante: “Aqui só tem gata, você pode beber e deixa comigo que arrumo ‘prikito’”, dizia, enquanto ajeitava o sutiã. Enquanto a cafetina contava vantagem sem saber que também era filmada, duas meninas que davam expediente na banca ensaiavam passos de funk.

Segundo a própria comerciante, as garotas de programa aparecem em maior número nas sextas, sábados e domingos, quando o movimento aumenta. Entre uma garrafa e outra, ela se gabou de já ter organizado festas privadas para políticos: “Uma vez foram dois deputados. Paguei R$ 700 para cada menina e fiquei com o resto. Deu uns R$ 10 mil. Ela passaram o dia transando em uma lancha”, revelou, sempre questionando se a equipe não queria beber mais.


O negócio das “iscas”

  • Idade das contratadas: entre 18 e 25 anos (em sua maioria)
  • Meta diária: 15 garrafas de cerveja
  • Preço médio: R$ 15 a R$ 31 por unidade
  • Comissão: R$ 5 por garrafa
  • Renda semanal: até R$ 800

Assédio e exposição

Apesar da aparência de ponto de prostituição, nem todas as jovens se envolvem em programas. Para muitas, trata-se de um trabalho de complementação de renda – ainda que envolva riscos, assédio e exposição. Enquanto isso, o contraste salta aos olhos: dezenas de boxes tradicionais da feira permanecem fechados por falta de clientes, enquanto as bancas do álcool e da sedução lotam a cada tarde de calor ceilandense.

A cena observada na feira de Ceilândia expõe um modelo de negócio que mistura entretenimento, venda de bebidas e insinuações sexuais, levantando questionamentos sobre exploração, trabalho precário e, em alguns casos, prostituição. Entre músicas sobrepostas, calor sufocante e copos cheios, permanece a pergunta que ecoa entre os corredores estreitos: até onde vai o comércio e onde começa a exploração sexual?

Crédito da Materia

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