Lula diz que Bolsonaro “articulou tudo”, mas não teve coragem

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (11/9), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articulou toda a trama golpista para se manter no poder, após perder as eleições de 2022, mas que não teve coragem de ir adiante. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-mandatário e mais sete réus, por envolvimento na tentativa de golpe.
“Se o ministro Fux não quiser as provas, é um problema dele. Sabe? Eu acho que a as provas estão fartas, estão fartas, e o ex-presidente, covardemente, articulou tudo, pensou tudo e não teve coragem, foi embora. Por quê? Porque no dia 1º [de janeiro] tinha muita gente aqui na rua. Ele teve medo. Então, ele esperou para o dia 8 de janeiro, achando que nós íamos ficar com medo. E o que aconteceu é isso”, disse Lula em entrevista à Band.
Nessa quarta-feira (10/9), o ministro Luiz Fux apresentou o voto, ao longo de mais de 12 horas, onde divergiu dos colegas Alexandre de Moraes, relator do processo, e Flávio Dino, que se mostraram favoráveis à condenação do ex-presidente.
Durante a leitura do voto, Fux indicou que não identificou, tanto na denúncia quanto nas provas, quaisquer indicativos de participação de Jair Bolsonaro nos crimes. Por isso, Lula o citou na entrevista desta quinta, dizendo ser problema do ministro não reconhecer as provas, já que elas “são fartas”.
“Ele [Bolsonaro] tentou dar um golpe, tem dezenas e centenas de provas, de atos, de fala, de discurso, de material por escrito, e tudo que ele tentou fazer, a ponto de ele tentar trabalhar a tentativa da morte do presidente da República eleito, do vice-presidente e do próprio Alexandre de Moraes. Isso tem mais do que prova”, expôs Lula.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.
Nesta quinta, a Primeira Turma do STF retomou o julgamento contra o ex-presidente, com a apresentação do voto da ministra Cármen Lúcia e, em seguida, do presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.