Luta contra tarifaço de Trump aprofunda ligação entre Alckmin e Lula

Luta contra tarifaço de Trump aprofunda ligação entre Alckmin e Lula

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo pelo PSDB, assumiu a linha de frente contra as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com as marcas tucanas. Antes como coadjuvante, o político ficou responsável pela coordenação das negociações com o governo norte-americano e, com isso, tem ganhado mais protagonismo na gestão petista.


Alckmin coordena resposta do Brasil a Donald Trump

  • Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa inicial de 10% sobre os produtos brasileiros. Já em agosto, o republicano aumentou a alíquota para 50%, ampliando a crise comercial.
  • Geraldo Alckmin argumenta que a tarifa é um “perde-perde”, pois encarece produtos americanos e rompe cadeias produtivas. Logo depois da entrada em vigor da nova tarifa, o vice-presidente se encontrou com o encarregado de Negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, e classificou o encontro como “bom”.
  • Alckmin tem reforçado a necessidade de “acalmar os ânimos” e intensificar negociações diplomáticas e que não há justificativas econômicas para a tarifa de 50%.
  • Um dos principais pontos da negociação é a redução da alíquota, excluir mais produtos da taxação, socorrer setores mais afetados e diversificar mercados.

Geraldo Alckmin foi um dos fundadores do PSDB, em 1988, ao lado de Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso (FHC), Franco Montoro e José Serra, com uma política mais centro e centro-direita.

O ex-tucano tem uma longa trajetória na política, desde vereador, deputado federal a governador de São Paulo. Em 2006, Alckmin foi candidato do PSDB à Presidência contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na época disputava a reeleição.

Naquela eleição, por diversas vezes, Alckmin e Lula chegaram a trocar críticas públicas. O então tucano chegou a afirmar que o petista tentava dividir o Brasil entre ricos e pobres.

“Essa divisão do Brasil está errada. O governo não pode estimular isso. Aliás, o presidente Lula foi muito injusto quando ficou criticando São Paulo, que o acolheu. Nós temos que ter a visão do Brasil todo”, defendeu Alckmin durante palestra em Brasília.

O professor Marco Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisa que a aliança entre Lula e Alckmin aconteceu diante do declínio do PSDB e ameaças por parte de aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Parece contraditório se a gente recuperar o Alckmin de 2006, que teve um forte embate com Lula […] Olhando para agora, não se imaginaria essa virada. Mas eu creio que a conjuntura política promoveu isso: o PSDB desidratado, Alckmin traído por [João] Doria e por parte do próprio partido, buscando um novo espaço que encontrou no PSB”, argumenta o professor da FGV.

Na mesma linha, o aliado histórico de Alckmin, José Aníbal, ex-senador do PSDB por São Paulo, explica que Alckmin saiu do PSDB para o PSB, mais ligado à centro-esquerda, em busca de um novo caminho político. Agora, na gestão petista, o vice-presidente tem ganhado mais espaço após as tarifas de Trump.

“De fato, ele atende a esse protagonismo; não teve o mesmo antes, mas agora tem um protagonismo efetivo, do ponto de vista do governo […] Ele negocia, conversa, busca interruptores, viaja daqui e dali, busca novos mercados sem conotação ideológica”, pontua o tucano.

1 de 3Breno Esaki/Metrópoles @BrenoEsakiFoto
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Geraldo Alckmin

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

3 de 3Ricardo Stuckert/PR

Antes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicar alíquotas de 50% sobre alguns produtos brasileiros, o Metrópoles conversou com petistas que defendem a substituição de Geraldo Alckmin na chapa com Lula no ano que vem.

Agora, diante do trabalho do vice-presidente contra as tarifas norte-americanas, os petistas que conversaram sobre reservas enfatizam que Alckmin tem “ganhado pontos” para se manter na chapa petista.

Marco Teixeira complementa que Alckmin teria sido um “aliado estratégico” em 2022, mas que atualmente construiu uma relação de lealdade com o petista.

“Eu diria pra você que em 2022 ele foi aliado estratégico, na eleição e depois se distancia e o tempo mostrou que não é isso. Hoje o Alckmin é um aliado leal, assim como ele também deve ver muita lealdade do próprio Lula na relação com ele, eu diria que é uma parceria que parece ter se consolidado”, pontua o professor.

O presidente Lula demonstrou que tem interesse em concorrer à reeleição em 2026 e tem procurado partidos mais ao centro para discutir cenários, sem ainda cravar quem será o seu vice na chapa.

Agora, no PSB, há quem defenda a manutenção de Geraldo Alckmin com Lula. O vice-presidente chegou a ser sondado para disputar o Senado Federal pelo partido, mas o assunto esfriou após as tarifas de Trump.

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