Melissa: países socorrem Caribe, devastado por pior furacão em 90 anos

Casas em ruínas, bairros inundados e comunicações interrompidas – o momento é de avaliação dos danos causados por Melissa, que agora deve enfraquecer sobre o Atlântico Norte após passar pelas Bermudas.

Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), as inundações devem diminuir nas Bahamas, mas as cheias podem continuar elevadas em Cuba, na Jamaica, no Haiti e na vizinha República Dominicana.

Com poder destrutivo potencializado pelo aquecimento global, o furacão foi o mais forte a atingir terra firme em 90 anos ao alcançar a Jamaica na terça-feira como categoria 5 — a mais alta na escala Saffir-Simpson — com ventos de cerca de 300 km/h.

“O balanço confirmado é agora de 19 mortos”, sendo nove na extremidade oeste da ilha, declarou na noite de quinta-feira a ministra jamaicana da Informação, Dana Morris Dixon, citada pela imprensa local.

Muitas pessoas ainda não conseguiram entrar em contato com seus familiares, explicaram as autoridades. O exército jamaicano trabalha para liberar as estradas bloqueadas, segundo o governo.

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“Houve uma destruição imensa, sem precedentes, de infraestruturas, propriedades, estradas, redes de comunicação e energia”, declarou de Kingston Dennis Zulu, coordenador da ONU para vários países caribenhos. “Nossas avaliações preliminares mostram que o país foi devastado em níveis nunca vistos antes.”

Melissa “nos matou”

No Haiti, não diretamente atingido pelo furacão, mas vítima de fortes chuvas, ao menos 30 pessoas — incluindo dez crianças — morreram, e outras 20 estão desaparecidas, segundo o último balanço das autoridades divulgado na quinta-feira. Vinte e três dessas mortes ocorreram devido à cheia de um rio no sudoeste do país.

Em Cuba, as comunicações telefônicas e rodoviárias continuam amplamente instáveis.

Em El Cobre, no sudoeste da ilha, o som de martelos ecoa sob o sol que voltou a brilhar: aqueles que perderam o telhado tentam reparar os danos com a ajuda de amigos e vizinhos, constatou a AFP.

Melissa “nos matou, ao nos deixar tão devastados”, declarou à AFP Felicia Correa, que vive no sul de Cuba, perto de El Cobre. “Já enfrentávamos enormes dificuldades. Agora, evidentemente, nossa situação está muito pior.”

Cerca de 735 mil pessoas foram retiradas, segundo as autoridades cubanas.

Socorristas

A ajuda internacional prometida está a caminho da zona devastada.

Os Estados Unidos mobilizaram equipes de resgate na República Dominicana, na Jamaica e nas Bahamas, segundo um responsável do Departamento de Estado. Equipes também estavam a caminho do Haiti.

O secretário de Estado, Marco Rubio, indicou que Cuba, apesar de ser um inimigo ideológico, está incluída no plano de ajuda americano.

A Venezuela enviou 26 mil toneladas de ajuda humanitária ao seu aliado cubano.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, anunciou na rede X o envio, nesta sexta-feira, de “três aviões de ajuda humanitária à Jamaica” com “mais de 300 socorristas” e “50 toneladas” de produtos essenciais.

Kits de primeira necessidade e unidades de tratamento de água: a França prevê entregar “nos próximos dias”, por via marítima, uma carga de ajuda humanitária de emergência à Jamaica, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

O Reino Unido liberou uma ajuda financeira de emergência de 2,5 milhões de libras (R$ 17,6 milhões) para os países afetados.

Lembrete trágico

O aquecimento global causado pelas atividades humanas tornou o furacão mais potente e destrutivo, segundo um estudo publicado por climatologistas do Imperial College de Londres.

“Cada desastre climático é um lembrete trágico da urgência de limitar cada fração de grau de aquecimento, causado principalmente pela queima excessiva de carvão, petróleo e gás”, declarou Simon Stiell, secretário executivo da ONU para mudanças climáticas, às vésperas da conferência climática COP30, que será realizada no Brasil.

Com o aquecimento da superfície dos oceanos, a frequência dos ciclones, furacões ou tufões mais intensos aumenta — mas não o número total — segundo o grupo de especialistas em clima do IPCC, da ONU.

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