Novos filiados do PL ameaçam debandada em caso de revés para Bolsonaro
Um grupo de novos filiados ao PL, entre eles políticos de primeiro mandato e influenciadores de direita que desejam concorrer a cargos eletivos em 2026, têm reclamado nos bastidores e ameaçam abandonar o partido. Dizem que o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, errou ao indicar que houve planejamento de golpe de Estado e se sentem frustrados, pois seguem pressionando pela anistia. Agora, aguardam a decisão da cúpula da legenda sobre a remuneração do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para esse grupo, o PL precisa manter o salário do atual presidente de honra da sigla, mesmo que ele seja preso. Caso haja o corte, ameaçam uma debandada. Eles consideram que o corte nos vencimentos de Bolsonaro seria um desrespeito com o ex-presidente, a quem atribuem o crescimento da sigla com a eleição de quase 100 deputados na eleição de 2022. Outro ponto que levaria ao desembarque é o apoio antecipado a qualquer outro pré-candidato, sem aval do atual líder político da direita.
A fala de Valdemar que desencadeou a revolta no baixo – e novo – clero da sigla ocorreu no dia 13 de setembro, durante um evento político. O presidente do PL afirmou: “Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz o seguinte: se você planejar um assassinato, planejou tudo, mas não fez nada, não tentou, não é crime. O golpe não foi crime”.
Após a repercussão negativa, ele recuou: “Uma declaração minha acabou sendo interpretada de forma equivocada e gerou repercussão. Por isso, considero importante esclarecer de maneira objetiva o que foi dito. É claro que eu não falei nesse sentido. Minha fala foi feita com uma condicionante: se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo Luiz Fux já confirmou isso”.
Condenado
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pela primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (11/9), por quatro votos a um. A Corte reconheceu que o ex-presidente e outro sete aliados cometeram crimes como organização criminosa e golpe de Estado.
Entenda as condenações:
- Jair Bolsonaro: apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder do grupo, teria comandado o plano para se manter no poder após ser derrotado nas eleições.
- Alexandre Ramagem: acusado de disseminar informações falsas sobre fraude eleitoral.
- Almir Garnier Santos: ex-comandante da Marinha, teria colocado tropas à disposição da trama em reunião com militares.
- Anderson Torres: ex-ministro da Justiça, guardava em casa uma minuta de decreto para anular as eleições.
- Augusto Heleno: ex-ministro do GSI, participou de transmissão ao vivo questionando urnas eletrônicas.
- Mauro Cid: delator do caso e ex-ajudante de Bolsonaro, participou de reuniões e trocas de mensagens sobre o golpe.
- Paulo Sérgio Nogueira: ex-ministro da Defesa, teria apresentado a comandantes militares um decreto de intervenção redigido por Bolsonaro.
- Walter Braga Netto: único preso, acusado de financiar acampamentos golpistas e de planejar atentado contra Alexandre de Moraes.

