Oposição tentará usar as manifestações para seguir pressão por anistia

Oposição tentará usar as manifestações para seguir pressão por anistia

Integrantes da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) organizam, para este domingo, 7 de Setembro, manifestações nas principais capitais. Os atos serão usado para pressionar pelo projeto da anistia, em meio ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) pela trama golpista.

A data coincide com o desfile cívico-militar que será realizado em Brasília em comemoração ao Dia da Independência. Em anos anteriores, quando Bolsonaro estava à frente do Planalto, a data era usada como palanque político. Ele não participará dos atos, já que está em prisão domiciliar desde 4 de agosto.

A oposição luta para que o projeto de lei da anistia no Congresso seja colocado em pauta logo depois do julgamento, a fim de incluir o ex-presidente na lista de perdão político. O texto, no entanto, enfrenta dificuldade no Senado.


Oposição pressiona por anistia em meio a julgamento de Bolsonaro no STF:

  • Congressistas da oposição convocaram atos para o 7 de Setembro para pressionar a pauta da anistia “ampla e irrestrita”.
  • O projeto ainda não tem nada para ser pautado em plenário da Câmara, mas líderes bolsonaristas esperam que seja depois do julgamento de Bolsonaro.
  • Motta sinaliza que pautará o texto, mas há, no Senado, uma proposta alternativa para redução de penas, cuja oposição rechaça.

Enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinaliza que pautará o texto. No entanto, ainda sem um cronograma definido, o presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), articula uma proposta alternativa para a possibilidade de redução da pena de reclusão para condenados por envolvimento de menor importância, com o objetivo de focar maiores penas para articuladores da trama golpista.

Dessa forma, seria atendido o pedido da oposição para livrar cidadãos comuns de penas consideradas abusivas, mas sem a possibilidade de blindar personagens que teriam tido maior responsabilidade, como Bolsonaro.

Esta segunda opção, entretanto, é rechaçada pela oposição. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirma que é preciso incluir no projeto todos os envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, não apenas os condenados pelos atos do 8 de Janeiro.

“A partir do momento em que também já há transitado em julgado do presidente Bolsonaro, não existe texto alternativo. […] Não dá para desassociar uma coisa de outra só para suspender alguns crimes. Isso, para nós, não atende a demanda. O que resta ao Congresso Nacional, como preconiza a Constituição, é votar a anistia”, declarou na última quinta-feira (4/9).

Em São Paulo (SP), o ato está marcado para começar a partir das 15h, na avenida Paulista. O governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participará dos atos no estado, ao lado do pastor Silas Malafaia, que também pleiteia a anistia ampla e irrestrita. O correligionário de Motta esteve em Brasília nos últimos dias para articular a pauta da anistia.

Entenda o texto da oposição pela anistia “ampla e irrestrita”

A minuta que circula nos bastidores da Câmara, elaborado por Sóstenes, não se limita apenas ao perdão de condenações a Bolsonaro, caso seja confirmado na semana que vem após o julgamento na Suprema Corte.

O texto contempla, também, a possibilidade de anistiar o ex-chefe do Executivo pelos casos que resultaram em sua inelegibilidade, ou seja, ele poderia concorrer nas eleições presidenciais em 2026.

O parecer, que circula entre líderes partidários e ao qual o Metrópoles teve acesso, prevê perdão para “manifestações”, desde março de 2019, em situações envolvendo:

  • ofensa ou ataque a instituições públicas ou seus integrantes;
  • descrédito ao processo eleitoral ou aos Poderes da República;
  • reforço à polarização política;
  • geração de animosidade na sociedade brasileira; ou
  • situações de natureza assemelhada às anteriores.

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 após promover reunião com embaixadores com o objetivo de desacreditar o sistema eleitoral. A minuta de anistia estabelece que condenações que se basearam em “informações, notícias ou relatórios” da Justiça Eleitoral também serão perdoadas.

Além disso, o texto inclui casos de danos ao patrimônio da União e deterioração de bens tombados, presentes nas acusações contra os condenados pelo 8 de Janeiro e pela tentativa de golpe. A minuta prevê, ainda, perdão a quem tenha prestado “apoio administrativo, logístico ou financeiro” à prática desses crimes, beneficiando, inclusive, os chamados “mentores intelectuais” dos atentados.

Em outra frente, mirando a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o texto concede perdão para condenações decorrentes de investigações da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Esse órgão foi responsável por diversos inquéritos sobre a atuação de aliados de Bolsonaro nas eleições de 2022, período em que Moraes presidia a Corte.

Perdão a Eduardo

Um dos textos em debate na oposição acrescenta, também, perdão para crimes contra a soberania nacional, o que poderia beneficiar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado pela Polícia Federal (PF).

Eduardo foi indiciado pela PF por suposta articulação com o governo dos Estados Unidos para coagir o STF durante o julgamento da trama golpista. O governo de Donald Trump revogou vistos de ministros e aplicou a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, relator do caso.

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