Punhal Verde Amarelo: total de provas equivale a 35 milhões de e-books

De acordo com o advogado Celso Vilardi, um dos defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o segundo dia do julgamento da trama golpista, nesta quarta-feira (3/9), o total de provas reunidas pela Polícia Federal (PF) sobre o general Mário Fernandes — autor do plano Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — somam cerca de 70 TB (terabytes).
Em termos de comparação, esse espaço é o suficiente para armazenar 35 milhões de livros digitais, considerando que cada e-book ocupa, em média, 2 MB (megabyte).
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Durante a argumentação, Vilardi alegou que a equipe de defesa não teve tempo hábil para analisar as provas referentes ao general, que atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. A análise seria essencial, apontou o advogado, já que de acordo com as investigações da PF, o ex-presidente tinha “pleno conhecimento” do plano.
“Eu não conheço a íntegra desse processo. O conjunto da prova, eu não conheço. São bilhões de documentos, em uma instrução de menos de 15 dias, seguida por um interrogatório. A instrução começou em maio, e nós estamos em setembro: 15 dias de prazo para o Ministério Público, 15 dias de prazo para a defesa”, reclamou.
“Como se analisar uma cadeia de custódia [conjunto de procedimentos que visam garantir a autenticidade, idoneidade e rastreabilidade de vestígios e provas materiais] se nós não conseguimos baixar [os documentos] durante o tempo?”, questionou.
Segundo dia de julgamento
O segundo dia dessa fase final do julgamento tem como destaque a sustentação oral da defesa do ex-presidente Bolsonaro, iniciada logo após a sustentação oral do advogado do general Augusto Heleno, Matheus Milanez.
O advogado Celso Villardi deu início à defesa de Bolsonaro por volta das 10h15. “Não há provas que atrelem Bolsonaro ao 8/1”, destacou. O defensor também questionou a delação de Mauro Cid e o tempo para analisar as provas. “Mauro Cid foi pego na mentira pela enésima vez”, acrescentou Villardi. “Esse homem (Cid) não é confiável”.
O advogado também criticou a previsão de penas elevadas com base em delações e reuniões encerradas.
“Uma cogitação de pena para além de 30 anos, baseada em um fato específico trazido por um delator — uma reunião de chefes das Forças Armadas e um presidente da República, sem qualquer ato — não é razoável. O general citado como testemunha disse: ‘Tivemos aquela conversa, e o presidente nunca mais tocou no assunto’. Um assunto encerrado não pode gerar uma pena tão alta.”
Villardi, então, passou a palavra ao colega Paulo Bueno (foto em destaque), também defensor de Bolsonaro, faltando 14 minutos para ser concluída. “O ex-presidente, além de não pretender dar golpe de Estado, não teve nenhum intuito em ir adiante com o projeto criminoso apontado na denúncia”, argumentou.
“A absolvição do ex-presidente Bolsonaro é imperiosa”, acrescentou Bueno à defesa.