Saiba quem são os réus do núcleo de desinformação em julgamento no STF

Saiba quem são os réus do núcleo de desinformação em julgamento no STF

O julgamento da trama golpista terá prosseguimento nesta terça-feira (14/10) com o núcleo 4, formado pelos réus apontados como integrantes do grupo da desinformação, responsável por propagar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.

O núcleo é composto por sete réus, que respondem aos cinco crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia — endossada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, nas alegações finais.

Julgamento

Todos serão julgados dentro do rito processual da Primeira Turma. O julgamento segue na seguinte ordem:

  • Presidente da Turma, ministro Flávio Dino, abre a sessão
  • Moraes, relator do caso, lê o relatório;
  • Procurador-Geral da República faz sua manifestação. O tempo previsto é de 1 hora;
  • As defesas dos sete réus terão 1 hora cada para fazer suas sustentações orais. A ordem de fala é alfabética, pelos nomes dos réus;
  • Concluída essa etapa, o relator, ministro Alexandre de Moraes vota.
  • Depois dele, é aberta a votação para os demais ministros, na seguinte ordem: Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
  • Após os votos é feita a análise da dosimetria da pena, caso haja condenação.

A maioria dos réus do núcleo 4 é formada por militares. Entre eles está o major expulso do Exército Ailton Gonçalves Barros (à esquerda na imagem em destaque). Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), ele discutiu com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, em dezembro de 2022, um possível golpe de Estado no qual as Forças Armadas tomariam o poder no país.

Os investigadores afirmam que a conversa foi registrada em três áudios, o que corrobora a denúncia apresentada por Gonet contra o major. Ailton foi candidato a deputado estadual pelo PL do Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, se apresentava como o “01 do Bolsonaro”, mas não conseguiu se eleger.

Imagem colorida, Ailton Gonçalves Moraes Barros - MetrópolesAilton Gonçalves Moraes Barros

Outro réu é o major da reserva Ângelo Martins Denicoli, que, segundo a PF, atuou diretamente com o ex-marqueteiro de Javier Milei, presidente da Argentina, na tentativa de descredibilizar as eleições brasileiras e apontar supostas fraudes nas urnas.

O militar teria coordenado a produção e difusão de estudos que alegavam identificar “inconsistências” nas urnas eletrônicas do Brasil, em parceria com Fernando Cerimedo, poupado pela PGR na denúncia.

Imagem colorida, Angelo Martins - MetrópolesAngelo Martins Dernicoli

Também é réu o engenheiro e presidente do Voto Legal, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, responsável, a pedido do PL, pela elaboração de um relatório em 2022 que apontava supostas falhas nas urnas eletrônicas.

Com base nesse documento, o partido de Bolsonaro defendeu que as alegações justificariam a anulação de parte dos votos computados.

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha desenvolveu urnas para o TSE e foi indiciado com o ex-presidente Jair BolsonaroCarlos Cesar Moretzsohn Rocha desenvolveu urnas para o TSE e foi indiciado com o ex-presidente Jair Bolsonaro

O subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, militar cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão

de Alexandre Ramagem — já condenado no julgamento do núcleo 1 —, também é acusado. Segundo a PF, ele teria usado ferramentas da Abin, como o sistema First Mile, para disseminar informações falsas.

Foto colorida de Giancarlo Gomes Rodrigues - Metrópoles

O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques de Almeida comandava o 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, com sede em Goiânia.

Ele aparece em um áudio divulgado pela PF sugerindo a necessidade de “sair das quatro linhas da Constituição” para viabilizar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Imagem colorida mostra militar que desmaiou durante operação da PF - Metrópoles

O coronel do Exército Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”, é investigado na Operação Contragolpe por integrar um grupo de militares suspeitos de planejar uma operação para sequestrar e matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes (STF).

Velame foi chefe de gabinete do general Mário Fernandes e, em conversa com o superior, defendeu uma ruptura democrática ao afirmar: “Quatro linhas da Constituição é o caceta”.

Coronel reformado do Exército, Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como "Velame".Coronel reformado do Exército, Reginaldo Vieira de Abreu, conhecido como “Velame”

O agente da Polícia Federal (PF) Marcelo Araújo Bormevet, segundo as investigações, fazia parte de um núcleo paralelo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no qual atuava como servidor e secretário de Planejamento e Gestão.

Considerado um dos nomes de Alexandre Ramagem dentro da agência, Bormevet chegou a ordenar que um subordinado agredisse um assessor do então presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso.

Foto colorida do policial Marcelo Araújo Bormevet - Metrópoles

Todos são acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Acusação

Conhecido como o núcleo da “desinformação”, o grupo é acusado de atuar na propagação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e de promover ataques virtuais a instituições e autoridades durante o pleito. A PGR sustenta que os envolvidos disseminaram desinformação com o objetivo de enfraquecer a credibilidade do processo eleitoral.

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Gonet também destaca haver indícios de que os denunciados usaram estruturas do Estado — como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Palácio do Planalto — para intimidar opositores e reforçar a narrativa golpista.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, solicitou ao então presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, a definição das datas do julgamento após a entrega das alegações finais pelas defesas. O cronograma prevê sessões nos dias 14, 15, 21 e 22 de outubro.

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