Vigarista seduz pessoas com deficiência e aplica série de golpes no DF

Com falsas promessas de amor ou de emprego, Alexsandra Feliciano Borges Flor, 24 anos, se aproxima de pessoas com deficiência para aplicar golpes financeiros. Ela é investigada por liderar um esquema criminoso de exploração financeira com manipulação emocional e fraude para obter vantagens econômicas.

O Metrópoles teve acesso a nove relatos de vítimas, de 2024 a 2025, que somam R$ 42.929,86 de prejuízo. O número, contudo, pode ser muito maior, já que Alexsandra é qualificada como autora em 14 ocorrências na Polícia Civil do Distrito Federal de estelionato contra a pessoas com deficiência.

Em janeiro deste ano, ela foi denunciada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e é ré em duas ações penais. Em uma delas, Alexsandra enganou um jovem com paralisia cerebral. Ele passou R$ 15 mil à mulher, contraindo mais de R$ 8 mil em dívidas, por acreditar que ela tinha pretensão de ajudá-lo com um trabalho, e o dinheiro seria para mudar de banco exigido na contratação. A vítima ainda passou os dados bancários a sua algoz.

Em um outro caso, Alexsandra se dizia apaixonada e inventou diversas desculpas para a vítima, alegando que precisava de dinheiro para consertar a geladeira ou até mesmo comprar as alianças de casamento. O jovem teve um prejuízo de R$ 12 mil. Para ele, Alexsandra mentia até o nome, se identificando como Rayane.

Modus operandi

Em todas as situações investigadas pelo Metrópoles, o modus operandi de Alexsandra é o mesmo: ela segue nas redes sociais institutos e associações voltadas para a pessoa com deficiência, preferencialmente, cognitiva. Em seguida, manda mensagem para os assistidos pelas instituições, criando um vínculo com eles. Depois, ela aplica os golpes nas vítimas.

Neste mês, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) recebeu a informação de que a mulher se passava por uma atendida da instituição para cometer os crimes contra os demais assistidos. Com a denúncia, a APAE prepara um ofício ao MPDFT e à Delegacia-Geral da PCDF a fim de investigar a conduta de Alexsandra.

No documento, a APAE detalha a abordagem em torno do relacionamento amoroso, “um assunto bastante sensível para essa população”, conforme destaca o texto. Também foram identificadas vítimas da Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe).

Em dos relatos, Alexsandra chegou a frequentar o seio familiar da vítima, sendo apresentada como namorada à família, com o objetivo de conseguir acesso aos documentos pessoais e fotografias dessas vítimas e adquirir cartões de crédito junto a lojas de departamentos, abertura de contas bancárias e fazer empréstimos no nome das pessoas pessoas com deficiência.

Após efetivado o recebimento de valores, Alexsandra desaparece, deixando suas vítimas extremamente endividadas, bem como recebendo ameaças de cobranças de dívidas.

Jogos de aposta e Tigrinho

Para a polícia, Alexsandra confessou o recebimento dos valores, mas negou que houvesse intenção criminosa. Segundo o depoimento dela, a razão para os golpes era o vício em jogos de azar on-line e no Jogo do Tigrinho. Ela disse ainda que grande parte do dinheiro foi perdido em apostas.

Diante dos inúmeros casos, o Ministério Público pediu, em fevereiro, a prisão preventiva de Alexsandra. A Vara do Paranoá, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, contudo, negou o pedido por considerar que, apesar dos múltiplos registros policiais, a maioria ainda não havia se tornado inquérito, não demonstrando um risco concreto de reiteração criminosa que justificasse a prisão.

Leia também
  • Na Mira

    Professora vigarista é presa pela 4ª vez por furtar cartões de crédito
  • Na Mira

    Picaretagem: mãe e filha lucram R$ 500 mil com “golpe da terra”
  • Na Mira

    DF: picareta é preso ao comprar tênis de R$ 9 mil em shopping de luxo
  • Distrito Federal

    Picareta usa nome da médica de Lula para aplicar golpe do aluguel fake

De lá para cá, Alexsandra fez pelo menos mais duas vítimas, que tiveram prejuízos somados de R$ 15 mil. Além disso, houve o registro de outras duas pessoas que foram seduzidas por ela, mas não chegaram a fazer os repasses financeiros.

Em nota, o Ministério Público destacou que Alexandra pediu por um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) e que foi negado pelo MP. Um dos processos está com a audiência de instrução marcada para 30 de setembro. O outro ainda aguarda uma data.

O Metrópoles entrou em contato com Alexsandra Feliciano Borges Flor, que se recusou a comentar sobre o caso.

Crédito da Materia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *